Relação da Viagem de Rouloux Baro ao País dos Tapuias

Escrito por Moreau, Pierre; Baro, Rouloux e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo

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prendo-me a ele, entretanto, de preferência aos outros autores, porque teve notícia das relações dos que estiveram ultimamente com os tapuias, notadamente a de 3 acó Rabbi e Elias Herckman. Ora, parece-me que ainda que ele não combine, quanto aos nomes, com Baro, combina quanto à situação dos lugares, e aproxima os seus nomes dos que Baro nos dá nesta relação. Baro diz que das Salinas e do Rio Ipanema, ao qual chegou no dia 13 do mês de junho, seguindo no dia 14 do mesmo mês para a margem do Potenge, onde se hospedou com Janduí; aí se deteve do dia 19 até o dia 25, em que atingiu o Rio Vvuvvug, acampou em um lugar sem nome, onde permaneceu com os objetivos declarados;, de Ipanema até Vvuvvug são três dias de viagem. Acrescenta que nos dias 26 e 21 do referido mês, se fez a colheita do milho ou mais, que estava nos roçados de Janduí. Vejamos como Marcgrave concorda com ele à exceção dos nomes, em seu liv. 8º, cap. 4º; aí diz, da mesma forma que Laet, no 6° cap., liv. 16° das índias Ocidentais, que do Rio Ipanema até ao Ipotinge, que é o Potegie de Baro (Potengi), e de Ipotinga até ao Vvarerugh, que é o nosso Vvuvvug, há 32 milhas, que se reduzem aos três dias de viagem gastos pelo nosso autor para fazer este caminho, o qual, tendo descoberto que a residência principal de Janduí e onde tinha os seus roçados, era neste lugar; mostra que estes dois nomes não eram senão os de um rio, que Marcgrave diz ter, ainda, o nome de Ostchunogh; sua nascente está no continente, a cem milhas do mar, do lado do sul, em cuja direção morara Janduí e sua gente, ocupando um longo espaço de terra entre a nascente do dito rio e as dos rios Otschuayayuch e Drerinagh, aos quais Baro não se refere uma única vez. Nosso tradutor me disse que o rio de Vvuvvug era distanciado da montanha Matiapo de quatro léguas, e que havia, neste rio crocodilos de nove a dez pés de comprimento.71 Os brasilianos têm melões, abóboras; pepinos e cabaças. Curuba, é uma cabaça tendo folhas de pepino, é rasteira, como este; prende-se por pequenos ligamentos torcidos a tudo aquilo que encontra; entre estes e as folhas brotam pequenos cálices redondos e espessos, de uma cor amarelo-esverdeada, tendo cinco folhos, do meio das quais saem grandes flores unidas pela parte exterior, musgosas por dentro e de um verde descorado, separadas por linhas esverdeadas. O fruto tem 15 dedos de comprimento por 11 de espessura, a haste é de uma cor de púrpura avermelhada, marchetada como a dos melões; a carne é de um amarelo esbranquiçado, de perfume de gosto semelhante às nossas peras selvagens. Há, neste país, melões d'água chamados iaee pelos habitantes, melancia pelos portugueses e pelos flamengos Ovva-eire meloen. Vi dessa espécie, florida, na horta de meu pai, que não deu nem um fruto. Sendo bem semeada no campo e exposta ao sol, seus pés são semelhantes aos pés dos outros melões, mas suas folhas apresentam-se em tufos cortados até em baixo, mais compridas do que largas, e sempre direitas. A flor é pequena e amarela, tendo cinco folhas e um pequeno umbigo, no meio, da mesma cor que a flor; o fruto é redondo, grande como a cabeça de um homem, tendo a casca verde, a polpa é vermelha no meio e branca em baixo; é suculenta e de bom gosto, a polpa espremida refresca e jorra tal quantidade de água que se pode beber. Sua semente tem a figura da cabaça. O fruto amadurece, neste país, em novembro e dezembro, ainda que seja visto durante todo o ano. Esta planta gosta de solo estéril, trabalhado e adubado. Há destes melões que têm a pele verde, muito mais saborosos do que os outros. (Marcgrave, liv. 1º de História das Plantas do Brasil, cap. 11º) No cap. 21° do mesmo livro dá ele a figura de uma outra espécie de melão redondo, tendo a casca cor de azinhavre, marchetada de branco, fazendo mil figuras sobre as costas como fazem as nossas; a polpa é da cor de açafrão, e os grãos brancos, semelhantes aos nossos, assim como a flor. Os selvagens chamam este melão de jurumum, os portugueses, abóbora. Laet, em suas Índias Ocidentais, deu outro nome aos melões d'água, diferente dos precedentes, a saber Vuaeen, no liv. 16°, cap. 12º Têm eles, também, cabaças em forma de garrafas e pepinos selvagens, que dão frutos do tamanho de um ovo de galinha; a semente é enfileirada, atravessada, semelhante às dos nos-