da. Os portugueses chamam esta árvore tomar. Há uma outra espécie de pindoba, cuja medula, existente no tronco, quando queimada, é afrodisíaca; tem ramos muito belos e bem ordenados, com os quais os portugueses ornam os altares e as paredes das igrejas e que os selvagens usam para cobrir suas malocas. Seus frutos podem ser comidos e servem para fazer azeite. Marcgrave cita esta espécie de palma pindoba, à qual ele acrescenta uma outra, todas com as suas figuras, chamadas jocara e jucoara, além das quais o iri jerau são mencionadas por Léry, cap. 13°. Os índios cobrem e constroem suas malocas com estas palmeiras ou palmitos; têm elas, como já dissemos o comprimento de duzentos a trezentos pés, e se distinguem mais do que se separam por algumas folhagens; por vezes uma só abriga 50 famílias, cada uma com a sua rede de algodão e o seu fogo particular. O mais velho de cada família, logo que se levanta de manhã ordena aos outros o que devem fazer durante o dia.66 Esta pedra, quando quebrada, brilha de diversas cores, de modo que o Autor a teve como mina de ouro, e por isso dela fazia grande questão. Depois, quando foi colocada no cadinho, reduziu-se a pó, sem produzir nenhum metal.67 Este uso é mais amplamente descrito adiante, na relação do dia 11 de julho. Jacó Rabbi relata-o de modo mais simples e diverso, dizendo que, reunindo-se o povo para saltar e dançar num lugar, aí vem os meninos bem arranjados, ficando os feiticeiros e adivinhos em duas filas, aqui e ali, e os meninos ou rapazinhos de doze a treze anos ao meio; um dos feiticeiros pega um deles e liga-lhe os braços e as pernas de modo tão apertado que ele não se possa mexer; um outro chega com um facão de madeira dura e aguda na mão, e fura-lhe o lábio inferior e as orelhas, enquanto a mãe do menino grita e se lamenta em alto brado, e este é o seu batismo. Os feiticeiros furam as orelhas dos rapazes quando querem casá-los, e isto é o seu noivado e casamento, não sendo seu costume furar as orelhas antes deste tempo. Isto feito, dançam, bebem e comem durante três ou quatro dias, recebendo cada um a sua parte e porção das mãos do rei, que dança, bebe e come com os casados e seus parentes. Encaixam nestes furos pedaços de madeira ou seixos de diversas cores, ou ossos de macaco, que chamam nambipaia. Os mais desembaraçados aí colocam cristal, jaspe ou esmeraldas do tamanho de uma avelã; chamam a pedra de jaspe assim introduzida met tara; se é uma pedra azul ou verde, mas as de que fazem eles maior questão, são o Metarobi. Têm, ainda, certas pedras que carregam nas orelhas, tembé-coareta. Puxam, por vezes, o nariz uns dos outros por galanteria, e aí inserem madeira apuati (Marc grave liv. 8°, cap. 69).68 Falaremos, adiante, mais a propósito, dessas aparições.69 E uma espécie de papa feita com banha, mel selvagem e os cabelos dos mortos, que são cortados miúdos. Assim me dizia o tradutor, mas enganava-se na sua própria tradução, que distingue os ossos esmigalhados;os cabelos cortados miúdos, misturados no mel selvagem, com tapioa. Ora como ele se enganou na sua explicação, também o fez quanto à palavra, porque em lugar de tapioa, como já disse atrás, é necessário dizer-se tapioca, ou tipioca, que é o suco espremido da raiz da mandioca, como a coalhada ou a juncada de leite, do qual se fazem tortas e doces no Brasil. As mulheres comem esta tapioca separadamente, para fazer, como dizem, boca doce, depois de ter comido os ossos e pelos com um pouco de mel. Desta tapioca ou tipioca, e de tudo que serve na cozinha, falou Marc grave em sua História Natural do Brasil, liv. 2°, cap. 6°.70 Há tão pouco tempo que se freqüentam os tapuias que ainda não se distinguiram, nos mapas do Brasil, os lugares que eles habitam e há apenas oito anos que o curioso e trabalhador Senhor de Laet, na sua descrição do Brasil, falava deles como que tateando. Marcgrave, que escreveu em 1648, embora diga mais, não nos torna mais sabedores deles;
Relação da Viagem de Rouloux Baro ao País dos Tapuias
Escrito por Moreau, Pierre; Baro, Rouloux e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo