mada na Nova Espanha de Xahuali. Os americanos lavam as pernas com o suco do fruto maduro, para descansar; mas durante quinze dias, a carne não retoma sua cor primitiva ficando toda preta, até que o tempo tenha passado. Os homens que desejam rir-se das mulheres que procuram parecer belas, fazem-lhes presente de uma garrafa deste suco para pintar o rosto; se o aplicam, sua tez parece morta e não perde este aspecto durante quinze dias. Quem quiser saber mais a este respeito, veja Guilherme Piso, liv. 4º, das Faculdades dos Simples do Brasil, cap. 14°.51 Laet, em sua descrição das Índias Ocidentais, liv. 15, cap. 3, fazendo o desmembramento de todas as nações dos tapuias até 76, dos quais cita os nomes, omite estas aqui nomeadas com exceção da jacuruju, a qual ele ainda chama de jacaruuy e nada mais diz. Creio, com os que escreveram sobre o povo do Brasil, ser verdadeiro o que já disse: que assim como as aldeias, os fortes, as casas, os caminhos, os roçados e parques que os portugueses e holandeses têm neste país levam os nomes daqueles que os construíram, que comandam,residem ou aos quais pertencem, assim também as aldeias e povos dos brasilianos e tapuias tomam os nomes daqueles que, efetivamente, os governam; trocam de nome tantas vezes quantas trocam de chefes, os quais não duram muito tempo, sendo sempre escolhidos os mais velhos da aldeia ou da nação, no caso de resolverem ficar subordinados a um chefe. Estas freqüentes mudanças, que acarretam também a dos lugares fazem com que não possamos ter uma descrição particular desses lugares. Ao contrário dos nossos franceses, que tomam os nomes das Senhorias que estão em suas casas, abandonando a de seus pais, os chefes brasilianos e tapuias dão seus nomes às aldeias e nações que governam. Voltando, porém, ao nosso assunto, quando Janduí diz ao nosso autor Baro que ele havia sido esperado pelos jovens de Vvaiupu, jacuruju, watiju e preciaua, é preciso entender que o era pelas tropas destas capitanias, que tinham tirado de suas aldeias ou nações ou homens de guerra para vir perante Baro. Com efeito, nosso autor, no dia 1º de junho, fala de Vvariju,chefe de uma aldeia dos tapuias sujeita a Janduí, o qual tinha tomado nome ou dado o seu ao rio em cuja margem morava com a sua gente, como é dito nesta relação, no segundo dia de junho.52 Marcgrave, que nos relata exatamente a figura e os nomes dos peixes, tanto marítimos como dos rios e lagos do Brasil, não menciona nenhum que se aproxime deste nome, piabuçu, de quatro a cinco polegadas de comprimento, que se pega em todos os rios do Brasil. A descrição e figura deste peixe, comum naquele país, está no liv. 14°, cap. 15°.53 Os selvagens chamam-nos de outro nome menos familiar, indios portugueses de rede. (Marcgrave, liv. 8º, cap. 7º)54 O suco da mandioca expremido e posto à parte, em um vaso, duas horas depois forma uma espécie de sedimento muito branco, que é chamado pelos brasilianos de tapioca, tipioca, epioca e tibiabica. Tendo secado, ela se transforma em farinha, também muito branca, dita tipiocuí, da qual se fazem peças de forno, tortas e doces excelentes, que são chamados tipiacica, também fazem dela papas de bom paladar; e serve ainda de cola. (Marcgrave liv. 29 , cap. 6.) Já dissemos que o suaçu e a mandioca, mandiba e manijiba eram uma mesma planta; apenas que o nome de suaçu restringe-se à espécie selvagem.55 Baro já falou deste Diego em sua relação do dia 19 de maio.56 Ele trazia, talvez, o nome do país de onde tinha vindo. Os Carajás habitam ate na firme abaixo da Capitania de São Vicente, segundo informação do Senhor de Laet, no liv. 15. das índias Ocidentais, cap. 3º Do mesmo modo que Tamares pôde tomar seu nome da Capitania de Itamaracá, donde ele era nativo.
Relação da Viagem de Rouloux Baro ao País dos Tapuias
Escrito por Moreau, Pierre; Baro, Rouloux e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo