o espaço de três pés entre dois paus ou canas e têm o cuidado de tirar as ervas masque brotam em torno. Os portugueses preparam peças de forno da farinha de mandioca com manteiga e açúcar. Preparam, ainda, uma espécie de papa, na qual misturam pimenta do Brasil e flor de nhambi, que apreciam muito. Os selvagens chamam esta papa de mingau de carimã.35 Este nome espanhol mostra que aquele que o leva foi batizado e assim denominado por um português, ainda que haja vários brasilianos que, sendo a favor dos portugueses, seus amigos, ou dos holandeses, tomaram os nomes de seus primeiros hóspedes.36 Assim se chama um chefe dos tapuias, dependente de Janduí.37 Há tão grande abundância delas, que todos os campos e caminhos estão cheios; os portugueses chamam-nas reis (Rainhas) do Brasil, porque reinam por toda a parte e alimentam-se de tudo que encontram, carne, peixe, frutas, grãos, ervas, raízes, serpentes, sapos, escorpiões não poupando senão as frutas ácidas, como a iunipapa. Constroem formigueiros subterrâneos tão grandes quanto os nossos montões de feno reunidos nos campos depois do corte; os habitantes do lugar chamam estes montões insaube. Há algumas que tendo azas, voam; são do comprimento de um dedo, a cabeça tem a aparência de um triângulo e o corpo é separado em dois por um pequeno filamento que liga as duas partes. Elas têm dois dentes na boca, bifurcados e cortantes, os olhos pequenos, e sobre a cabeça dois pequenos chifres muito finos. Dispõem de seis pés e quatro azas. Todo o corpo é de cor parda; entram prontamente na terra e escavam como as toupeiras. Roem depressa e consomem tudo em menos de um instante. Vêem-se nos mesmos lugares outras formigas do mesmo tamanho, cujo corpo é separado em três partes por dois filamentos, sem asas, chamadas apuai. Há, também, outras de cor castanha, semelhante às nossas, mas todo o seu corpo é coberto de pelo; à medida que envelhecem, criam asas; esta espécie de formiga é chamada de cupia (cupim) e, pelo nosso autor, de capiaira; costuma-se comê-las, à falta de melhor carne. (Marcgrave, Livro dos Insetos, cap. 6°.)38 Estou persuadido de que este rio deságua neste lugar, ou mais abaixo, no grande Rio Ostounogh, em cujas margens dissemos que Janduí residia, segundo (Marcgrave, no liv. 8° da História Natural do Brasil, cap. 4°).39 O Rio São Francisco desemboca no mar do Norte, a dez graus e alguns minutos além do Equador. (Jean de Laet, liv. 16° das índias Ocidentais, cap. 24° ? Marcgrave, liv. 8º, cap. 2º).40 Itaparica (No texto, Iaperipa.). Os portugueses chamam-na Taperica. Está diante da Baía de Todos os Santos, entre o décimo segundo e o décimo terceiro graus além do Equador. É descrita pelo referido Laet, no liv. 15°, cap. 22 e 23, onde se verá, também, a descrição da Baía de Todos os Santos e de seu governo.41 Os tapuias, menos delicados que os outros brasilianos (que repousam em redes de algodão, cujas extremidades são presas a árvores, aquecidos por um fogo próximo, para dissipar a frescura das noites), deitam-se na terra ou sob as árvores, e seus reis, em ramadas.42 (No texto, Schop e Antichau) - Baro fala de Sigismond Schkoppe general da Companhia das índias Ocidentais, ao qual sucedeu Arciszewski, quando o Conde Maurício, que ele trata, aqui, de Excelência, sobrinho de sua Alteza, o Conde Maurício, era principal, isto é, tenente dos Estados nas mesmas índias. Foi ele que, nesta qualidade, em julho de 1638, tomou o Forte de Mina, na Guiné e sitiou a cidade de Salvador, no Brasil, da qual foi forçado a retirar-se pela traição dos portugueses e por falta de soldados; trouxe, entretanto, uma grande presa em canhões, escravos, açúcar e vinhos da Espanha.43 Era coisa muito rara os brasilianos terem instrumentos de ferro e de bronze; e é falso que dessem grande importância às flautas feitas deste último metal, pelo fato de ar-
Relação da Viagem de Rouloux Baro ao País dos Tapuias
Escrito por Moreau, Pierre; Baro, Rouloux e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo