Relação da Viagem de Rouloux Baro ao País dos Tapuias

Escrito por Moreau, Pierre; Baro, Rouloux e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo

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deveria mandar alguns de seus homens à busca do inimigo, a fim de capturar prisioneiros, para saber dos seus intuitos e de suas forças. Deveria esperá-los o maior tempo que pudesse caso acreditasse que não poderia resistir-lhes, se retirasse para Vvahy. Se isso acontecesse, deveria enviar-me dois ou três homens ao Rio Grande, que me avisariam do que se passava. Assim me prometeu. Despedi-me, então, de Janduí, recusando a companhia dos tapuias que ofereceu para me guiarem. Deixei-lhes todo o fumo e os outros objetos que os negros me tinham trazido. Agradeceram-me e eu lhes solicitei, em troca do que lhes ofertara, que me dessem milho para a minha alimentação durante a viagem.Quando eu já estava preparado para partir, no dia seguinte, Janduí pediu-me os meus cães. Disse-lhe que eram as minhas fontes de alimentação e eu não confiava senão neles para suprir-me durante a minha volta. ? "Toma, replicou-me, tanto milho quanto os teus negros possam levar, e deixa-me os cães; quando trouxeres os que estão no forte da Paraíba, eu os restituirei; não tenho intenção de fazê-los caçar durante a tua viagem, para conservá-los sãos". Esta cortesia obrigou-me a deixá-los com ele.No dia 7, tendo-me posto a caminho, topei com Vvajupu e seus homens, que iam ao encontro do ancião. Comemos juntos milho e ratos, que ele trouxera. Pediu-me que voltasse depressa, com as melhores tropas possíveis, e emprestou-me o seu cavalo, a fim de que eu chegasse mais rapidamente ao meu destino. Eu cavalgara pouco tempo, quando de súbito ele desapareceu, sem que eu soubesse o que lhe acontecera.Mandei procurá-lo durante todo o dia seguinte, mas não conseguimos encontrá-lo. E como não tivéssemos deixado de marchar, chegamos à tarde à aldeia que existia à margem do Rio Potengi, onde passei o dia seguinte, a fim de que me mostrassem onde estavam aquelas belas pedras negras das quais falei acima. Dois habitantes aí me conduziram e mostraram-me grande quantidade delas. Na volta, mandei pilar um pouco de milha para comer durante a viagem.No dia 10, querendo eu partir, trouxeram-me uma beberagem feita com milho e mel selvagem; bebi-a toda e depois caminhei pela encosta e pela serra, ate chegar ao rio. Na noite do dia 11, mandei de volta os brasilianos da mencionada aldeia que me acompanhavam; encontramos milho e peixe para cear.No dia 12, atravessei o rio, no qual pescamos o suficiente para alimentar-nos.E no dia seguinte, tendo encontrado brasilianos que pescavam, juntamos-nos a eles, e misturamos com a sua pesca os ratos que os meus negros tinham apanhado.Cheguei a Cameru no dia 14, cerca do meio dia, e à tarde à minha casa, em Incarenigi, no Governo do Rio Grande, depois de ter suportado a fome e as fadigas que lestes.

NOTAS DO SENHOR MORISOTSobre a VIAGEM de ROULOX BARO ao país dos tapuias