que o Governo se empenhava em lhes ocultar não só essa expedição como também outros assuntos, pois (conquanto só o soubessem quase à hora da partida de regresso) tiveram os lusos o cuidado de impedir que qualquer alemão ou holandês conversasse, ou, mesmo, se avistasse com eles. Essa proibição foi tão rigorosamente observada que os nossos emissários chegaram a imaginar que não havia holandês algum na Baía. Só mais tarde é que vieram a saber que todos eles haviam sido conduzidos para bordo de navios portugueses com o fim de evitar que mantivessem qualquer contado com a tripulação do nosso barco. Ainda com o mesmo fim, alegando a necessidade de velar pelo nosso navio, postaram junto a ele seis sentinelas, em dois barcos, cuja missão era impedir que qualquer pessoa viesse ter conosco a bordo, de acordo com as instruções do Governador.
V - Que os baianos, como os habitantes de outras capitanias portuguesas, não mantinham, na ocasião, o mínimo comércio com os de Buenos Aires.1 Que, logo após a Revolução em Portugal, os baianos haviam tentado chegar até lá, sendo, porém, recebidos como inimigos. Eram, portanto, de opinião que aquele lugar logo estaria completamente arruinado, pela escassez de comércio, pois que toda a sua vida dependia do tráfego marítimo procedente das costas brasileiras. Decadente este, nenhuma prata para aí se encaminharia, do Peru, não sendo provável que os espanhóis afrontassem os riscos de uma viagem ao longo da costa inimiga uma vez que dispunham de rota mais segura para o transporte de seus tesouros das índias Ocidentais.
VI - Que não lograram os nossos emissários obter nenhuma informação segura sobre o que planejavam certos habitantes da Baía em combinação com outros do Brasil Holandês, contra a sorte deste último.
Além desse, os embaixadores batavos apresentaram um relatório geral sobre quanto lhes fora dado observar com respeito às condições da cidade de São Salvador, seu povo, o Governador e outros assuntos relacionados com as regiões circunvizinhas.
Outra revolta dos portugueses.
Haviam se dissipado como fumo os boatos que corriam em 1640 sobre a conspiração dos portugueses contra nós, mas, em fevereiro de 1645, de novo começaram eles a fervilhar quando se principiou a descobrir a verdade. Segundo o que se dizia, os portugueses, contando
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Nota 207: Sobre relações entre o Brasil português e Buenos Aires, cf. [i]Los portugueses en Buenos Ayres, siglo XVII, R. de Lafuente Machain. De La Real Academia de Ia Historia. (Madrid, El ano MCMXXXI, Libraria Cervantes).
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