mente o açúcar que, conseqüentemente, não poderia ser vendido pelo preço mantido pelos holandeses. Seriam, provavelmente, consideráveis os prejuízos que o comércio teria que sofrer, tanto em matéria de juros como no que respeita aos prazos de entrega, à vista da necessidade de se reunirem em comboios os navios, quando anteriormente tinham liberdade de regressar à Metrópole quando lhes aprouvesse.
III - Observaram mais que, apesar de os baianos estarem aguardando a chegada daqueles navios, então em viagem inaugural, algumas naus portuguesas procedentes tanto da costa lusa como das ilhas, lá aportaram antes das demais.
IV - Aos delegados batavos pareceu que o tráfico negreiro era insignificante por ocasião de sua visita. De fato, apenas haviam conseguido saber que o comércio de escravos prosseguia ainda. Não atingindo o preço de um negro, por aquele tempo, mais do que 35$000 ou, o mais elevado, 40$000, ou sejam 262.10 florins ou 300 florins, concluíram os nossos enviados que devia haver suprimento suficiente de braço escravo.1 Os últimos negros importados procediam do Cabo Verde e de Ardra. Informaram a seguir que, quando chegaram à Baía, na quarta-feira, 8 de fevereiro, encontraram dois navios de grande calado bem tripulados e artilhados com 20 peças cada um. Indagando de seu destino, souberam que partiam para Portugal. Entretanto, não lhes senão dado saber a que porto rumavam, desconfiaram, baseados, também, em outras razões, que se dirigiam para outro destino. Não erraram. De fato, a 17 de fevereiro,2 quando se preparavam para regressar, souberam os nossos enviados, por intermédio de uma mulata de nome Juliana e também por dois monges, que tais navios haviam sido despachados com tropas para Angola, a fim de protegerem o povo de Masagão que, reduzido em número, receava um ataque dos negros do país. Haviam, por isso, solicitado o auxílio do Governador e este dera ordens para que os navios zarpassem à noite e procurassem chegar a Masagão secretamente, sem praticar nenhum ato hostil contra os holandeses. Se era exata a informação, e, até que ponto o era, só o tempo o provaria. Tinham, entretanto, os nossos delegados sobejas razões para acreditar
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Nota 205: O tradutor inglês escreveu que o preço de um negro não atingia, àquele tempo, mais do que 300 florins (cf. p. 62, 2a coluna, 3° § da ed. Holandesa e p. 47, 1a coluna, 3° § da trad. inglesa). Sobre esse ponto veja-se a magnífica contribuição de José Antônio Gonsalves de Melo, neto: "A situação do negro sob o domínio holandês", in Novos Estudos Afro-Brasileiros, Biblioteca de Divulgação Científica, vol. IX, 1937, Rio, p. 201-221 (especialmente p. 203).
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Nota 206: O tradutor inglês escreveu: "22 de fevereiro" (cf. p. 63, 1a coluna, 1° § da ed. holandesa e p. 47, 2a coluna, 1° § da trad. inglesa).
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