oficiais de terra e mar, altos funcionários da Companhia, oficiais da milícia e elementos de destaque entre os judeus.
O Conde Maurício passa o Governo.
À hora aprazada compareceram todos ao grande salão da municipalidade. Fazendo uso da palavra, o Conde declarou, então, que, uma vez que o Governo supremo, sua Alteza o Príncipe de Orange e o Conselho dos XIX lhe haviam dado permissão para regressar à Holanda, depois de uma permanência de 8 anos no cargo de Governador do Brasil Holandês, havia promovido essa reunião a fim de externar a todos os seus agradecimentos pelos bons serviços prestados à Companhia, cada um em seu posto, assim como pela disciplina, honestidade e respeito, que sempre haviam demonstrado para com sua pessoa. Disse ainda que, ao passar o Governo para o Grande Conselho, a todos exortava em nome dos Estados, do Príncipe de Orange e do Conselho dos XIX, a que rendessem aos conselheiros a mesma obediência, fidelidade e respeito que de todos merecera.
Sua despedida.
A seguir o Conde apresentou seus cumprimentos ao Conselho - que também recebeu congratulações de todos os presentes - e deixou o salão. Passando para a sala do Conselho, aí se despediu dos conselheiros e apresentou-lhes os mais calorosos agradecimentos pela cooperação e assistência que sempre lhe proporcionaram, bem como pelo respeito e deferência com que souberam cercar a sua pessoa. Disse-lhes mais que, sendo essa a última vez que comparecia perante essa Assembléia, havia elaborado um memorial,1 que então lhes entregava, destinado a orientá-los na direção dos negócios públicos. Punha-se ainda à disposição do Conselho para quaisquer esclarecimentos que julgassem necessários. Os Conselheiros retribuíram-lhe os agradecimentos apresentados e manifestaram a esperança de que o Conde jamais se desinteressasse dos assuntos do Brasil Holandês. Antes de encerrar a sessão aventou-se, na presença do Conde, a questão da precedência entre os membros do Conselho, a fim de saber qual deles deveria exercer a presidência, ou se esta deveria ser exercida em rodízio, uma vez que as instruções recebidas eram omissas a esse respeito. Depois de expostos vários argumentos pró e contra, ficou assentado que a situação deveria ser a mesma que prevalecia durante os impedimentos do Conde, isto é, cada um conservaria sua posição, sem prioridade de nenhum dos Conselheiros, até que o Conselho dos XIX esclarecesse esse ponto. Assim, a direção dos negócios públicos caberia primeiramente
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Nota 203: Maurício de Nassau deixou um testamento político, que foi traduzido por José Higino e publicado na Rev. do Inst. Hist. Geog. Brás., 1895, t. 58, p. 223; e um relatório apresentado aos Estados Gerais, em 27-9-1644, que vem publicado no 2° vol. dos Documentos Holandeses, coligidos por Caetano da Silva.
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