Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil

Escrito por Nieuhof, Joan e publicado por Livraria Martins

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ao senhor Dirk Hamel, depois ao senhor Bullestrate, e, finalmente, ao senhor Kodde van der Burgh.

Delegados enviados ao Brasil Português e suas instruções.

O primeiro assunto de que se ocupou o Conselho foi de investigar diligentemente sobre os projetos dos portugueses contra o Governo, para o que decidiu, em janeiro de 1644, enviar o senhor Gysbert de Wit, Conselheiro da Corte de Justiça, e o Capitão Dirk Hoogstraeten, comandante em chefe do Cabo Santo Agostinho, em missão especial junto a Antônio Teles da Silva, então Governador da Baía, com as seguintes instruções datadas de 15 do mesmo mês; cumprimentar o Governador, após a entrega das credenciais, em nome do Grande Conselho e apresentar-lhes sinceros protestos e garantias de amizade e boa vizinhança. Em seguida deveriam comunicar ao Governador que numerosos súditos do Brasil Holandês, depois de aí contraírem dívidas consideráveis, tanto com a Companhia, como com particulares, retiravam-se para a Baía. Desejava-se, portanto, que, para se fazer justiça, ou fossem tais insolventes detidos, ou pelo menos que fosse o Governo Holandês informado de sua chegada, a fim de serem eles submetidos à ação da Justiça. Na realidade, porém, a verdadeira missão dos delegados batavos era conseguir informações secretas sobre os seguintes pontos:

I - De que forças dispunham os portugueses na Baía e em outras províncias do Sul;

II - Qual à sua frota;

III - Qual o número de navios que esperavam receber de Portugal;

IV - Qual a situação do tráfico de escravos e de onde provinham eles;

V- Se havia comércio entre os lusos e os habitantes de Bueno-Aires;

VI- Quais as condições da região.

De tudo deveriam dar ao Grande Conselho, por ocasião de seu regresso, as melhores informações que conseguissem obter. Levavam ainda os emissários holandeses a incumbência de descobrir, secretamente, quais as pessoas que fomentavam a tão temida rebelião dos portugueses no Brasil Holandês e qual a assistência, ou auxílio, que estes deveriam receber. Cumpria-lhes, ainda, instar com o Governador para que não permitisse, de futuro, que desertores holandeses chegados à Baía, por terra, fossem enviados a Portugal, mas, sim, detidos e recambiados para o Recife.

Sua chegada a São Salvador

Os enviados do Governo Holandês chegaram à Baía a 8 de fevereiro de 1644, tendo o navio que os conduzia ancorado ao cair da tarde junto ao Castelo de Santo Antônio, na cidade de São Salvador. Imediatamente