A 11 de maio de 1644, deixava o Recife, de regresso à Holanda, o Conde Maurício, depois de oito anos de governo no Brasil Holandês. Todo o povo e as personalidades de projeção do Recife e da Cidade Maurícia compareceram armados ao embarque, formando duas alas que iam desde a cidade velha até à Porta do Mar. Ao passar entre elas, o Conde ia se despedindo com as mais eloqüentes expressões de cortesia.
Diante do portão, 1 estava um cavalo arreado, no qual montou e dirigiu-se, com grande comitiva, ao longo da praia, além de Olinda. Os Altos Comissários, o Conselho da Justiça e outros Comandantes de Guerra o conduziram adiante da cidade de Olinda, onde dele se despediram. Nassau continuou a viagem com o Senhor Bullestrate, que tinha recebido ordem de acompanhá-lo até que a esquadra se tivesse afastado. Entretanto, o Conde parou várias vezes e contemplava o seu famoso palácio, que ele próprio mandara construir, belo e agradável e que, então, abandonava; enquanto isso, os seus corneteiros tocavam, contentes, Wilhelmus van Nassau.2 Finalmente, embarcou com toda a sua gente em quatro navios. Depois da partida do Conde, o Governo ficou a cargo dos Senhores Altos Comissários Secretos, como Hendrik Hamel, Kodde van der Burgh e Adriaen Bullestrate. A frota, composta de 13 unidades, só zarpou da Terra-Vermelha a 22 de maio. Conduzia ela de regresso numerosos soldados, pois para a defesa do Brasil Holandês ficaram apenas 18 companhias. O Senhor Bullestrate regressou ao Recife no dia 26.
A 22 de abril, não muito antes da partida do Conde Maurício, foi lida no Grande Conselho uma decisão da Diretoria da Companhia das índias Orientais, tomada na sessão de 4 de junho de 16423 e datada de 22 de maio de 1643, segundo a qual o governo do Brasil Holandês passaria a ser exercido pelo Grande Conselho, até segunda ordem.
Dando cumprimento a essa resolução, o Conde Maurício designara um dia para investir o Conselho em suas novas funções. Com aprovação do mesmo, convocou, para 6 de maio, uma reunião conjunta dos desembargadores, magistrados, conselho eclesiástico, ministros da Cidade Maurícia,
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Nota 200: O texto desde "Diante do portão" até. "e Adriaen Bullestrate" foi traduzido diretamente do holandês, por estar omitido na edição inglesa. (Cf.p. 57, 1a coluna 3°, 4° e 5° da edição holandesa com a p. 43, 2a coluna, 2° § da edição inglesa).
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Nota 201: Vide anexo n. 1. Aí damos a música e letra da canção popular Wilhelmus van Nassau. Foi composta e escrita por Philippe de Marnix, Senhor de Sain-te-Aldegonde, que nasceu em Bruxelas, em 1538, e faleceu em 1598. Refugiou-sena Alemanha, quando os protestantes foram perseguidos nos Países Baixos. Em 1592, voltou novamente para seu país e pelos escritos, por meio da palaL religion, 1598, considerado, por Bayle, notável, pela mescla de erudição e lógica. (XXVII, pp. 6 e 7).
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Nota 202: O tradutor inglês escreveu 1 de julho de 1642. (Cf. p. 43, 2a coluna, 3a §da ed. inglesa e p. 57, 2a coluna, 2° § da ed. hol.).
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