alternativa, mesmo por não haver ainda provas seguras sobre as intenções dos indiciados, cujos movimentos, entretanto, passaram a ser atentamente observados pelo serviço secreto do Conde Maurício, com tempo de se tomarem as devidas precauções. Julgou-se, contudo, aconselhável recolher para o Recife as guarnições do interior e fortificar-se a praça com novas paliçadas, bem como repararem-se os velhos bastiões de madeira. Determinou-se, também, que ficasse um navio de prontidão, do lado do mar, e diversas chalupas fizessem o patrulhamento do rio, a fim de defenderem as ruas do Recife com sua artilharia. Receberam-se, ainda, várias cartas de particulares, algumas anônimas, dirigidas ao Conde Maurício e ao Grande Conselho, denunciando os traiçoeiros projetos dos portugueses. Dentre outras, destacava-se uma remetida ao Conde Maurício por um senhor de nome Van Eis e datada de Serinhaém, 25 de março de 1643, 1 dizendo estar seguramente informado de que certo mulato pertencente à Companhia de Agostinho Cardoso, interrogado por pessoas daquela freguesia sobre os motivos de sua presença naquela cidade, dissera ter ido entregar cartas a pessoas residentes nas proximidades do Recife e acrescentara que dentro em pouco veriam eles como a cidade seria tomada sem efusão de sangue, quer holandês, quer português.
Embaixadores do Conde de Sonho recebidos em audiência.
Em dezembro de 1643, Don Michiel de Crasto, Don Bastiaen Manduba de Sonho e Don Antônio Ferdinandes, embaixadores do Conde de Sonho, na Angola, chegavam ao Recife a bordo do navio Het Wapen van Dorãrecht. Cada um deles dispunha de apenas um criado, mas trouxeram de presente ao Conde Maurício vários negros com colares de ouro, além de grande número de escravos destinados à Companhia.
Recebidos em audiência a 21 de janeiro pelo Conde Maurício 2 e pelo Grande Conselho, pediram, em nome de seu chefe, que se não mandassem auxílios ao Rei do Congo de quem receavam um ataque para breve, não obstante se acharem ambos em guerra contra os portugueses. O Conselho respondeu-lhes que escreveria ao diretor da Companhia naquele país, senhor Nieulant, pedindo que usasse de sua autoridade e mediação, no sentido de preservar as boas relações e remover qualquer motivo de discórdia entre o Rei do Congo e seu suserano, pois que ambos eram confederados dos Estados Gerais. O Conde de Sonho dirigiu, ainda, uma carta ao Conde Maurício, pedindo licença para comprar uma cadeira, uma capa, algumas insígnias de guerra, bandeiras e diversas peças de vestuário.