A salubridade do clima brasileiro.
Dispõe ainda o Brasil de clima salubérrimo. Posto que situado entre a linha equinocial e o Trópico de Capricórnio, sujeito, portanto, à canícula abrasadora dessas latitudes, o calor é aí consideravelmente amenizado pelos ventos de Leste, que sopram do mar e não encontram, em seu caminho, montanhas ou ilhas que os barrem. Por isso, talvez, raramente se encontram, no Brasil, as moléstias que freqüentemente assolam Angola, Guiné, São Tome e vários outros lugares aos quais as brisas levantinas não podem proporcionar idênticas vantagens.
As epidemias são desconhecidas no Brasil - que nisso se avantaja a qualquer outro país. Entretanto, não está isento de febres pútridas, 1 causadas pelo calor e pela umidade bem como pela excessiva ingestão de frutas cruas.
Os que demandam a costa brasileira precisam prestar atenção especial à estação do ano, que regula a direção dos ventos e das correntes marítimas dessas paragens. Além disso é necessário muito cuidado para não ultrapassar o porto a que se destinam, pois, se o fizerem, terão de esperar pela reversão dos ventos e das correntes. No litoral brasileiro observa-se que as correntes acompanham a costa na direção norte desde o mês de março até o de junho. Nessa época não se pode navegar ao longo da costa do Brasil do Norte para o Sul. Entretanto, passados esses meses de março a junho, deste mês até o de agosto, finda a corrente nordeste. A partir do dia 1° de setembro ou pelo começo desse mês até o fim de novembro, a corrente se dirige para o Sul com a mesma velocidade; por essa razão, nessa época tem-se a mesma dificuldade de ir do Sul para o Norte quanto, naquela outra, de ir do Norte para o Sul. Lá, os ventos mudam de acordo com as correntes marinhas. Em princípios de março sopram nas direções sul e sudeste. E, como só de junho a setembro as correntes mudam de direção, os ventos continuam a soprar de leste e até aquele mês de setembro quando passam a vir de leste-sudeste.
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Nota 164: Sobre moléstias, febres, etc, no Brasil Néerlandes, cf. Piso, (LXX, 15-38, cap. I, do livro II).
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