Já o rio Cunhaú só é navegável por barcas e pequenos navios. As baías que se encontram nesta Capitania são: Baía Formosa, Ponta Negra, Ponta de Pipas e a Baía Tijssens. Á Baía de Ginepabú 1 fica ao norte, além da foz do Rio Grande, e, depois desta, depara-se com a desembocadura de um rio denominado Guasiavi, junto à qual se ergue a vila Atape Wappa . 2 Ainda um pouco mais ao norte encontra-se o rio Ceará-Mirim, e perto da aldeia de Natal e do forte dos Reis passa um rio conhecido por Rio da Cruz que nasce de um pequeno lago no Rio Grande. Em frente ao mesmo forte um riacho aflui para o Rio Grande, entre dois bancos de terra, e, não muito distante dali, encontra-se ainda outro rio de água salgada.
O Forte Keulen,
O Forte Keulen era um quadrilátero construído sobre rocha, ou melhor, sobre a ponta de um recife, a alguma distância da praia, defronte à foz do rio Recife. Inteiramente cercado de água, na preamar, não se podia atingi-lo senão embarcado. Há, no centro desse forte, uma capelinha, onde, em 1645 ou 1646, 3 os holandeses descobriram um poço de cerca de meio pé de diâmetro na boca e três no fundo, aberto na rocha viva, por onde afluía água doce e fresca todas as marés altas. Nas marés comuns dava cerca de 255 potes de água potável mas, nas de plenilúnio, chegava a dar 350, suprimento esse mais que suficiente para consumo da guarnição em caso de sítio. O forte é construído de blocos de pedra e defendido, do lado da praia, por dois meios baluartes em forma de corna. Em 1646 sua artilharia constava de 29 peças de bronze e de ferro. Dispunha também de bom paiol e confortáveis alojamentos para a soldadesca.
Sua conquista pelos batavos.
Este forte foi capturado pelos holandeses sob o comando de Mathias van Keulen um dos governadores da Companhia, o qual foi auxiliado por vários capitães de valor, tais como Byma, Kloppenburgh, Lichthart, Garstman e Mansfelt, Van Keulen 4 para lá se dirigiu à frente de
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Nota 152: Nieuhof escreveu Ginapabo (p. 42, 1a coluna, 12° §). Cf. XXVI, p- 190.
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Nota 153: Quanto a Guasiavi, Vingbooms menciona Guasjou e no mapa vê-se que Atapewappa (Tappewappe no Mapa 45) fica junto à nascente do Ceará-Mirim e não junto à desembocadura do Guasjou (XCVII, mapa 45, vol. II) ou Guasiavi, como escreveu Nieuhof.
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Nota 154: O tradutor inglês escreveu: 1645 e 1646 (cf. p. 42, 2-a coluna, 4° § da ed. holandesa e p. 29, 1a coluna, últ. § da trad. inglesa).
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Nota 155: Em 5 de dezembro de 1633 é que van Keulen partiu do Recife para atacar o Rio-Grande-do-Norte. Atacaram o Forte dos Reis Magos e o seu Capitão Pedro Mendes de Gouveia capitulou em 12 de dezembro. Mudaram, então, o nome do Forte para o de Keulen. Sobre as atividades dos holandeses no Rio Grande do Norte, cf. Alfredo Carvalho, Os Holandeses no Rio-Grande-do-Norte, Rev. do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1906, Tomo IV, p. 117-139 e 170-198. O tradutor inglês comete, neste trecho, outro engano grave. Assim é que Nieuhof escreveu (p. 42, 2a coluna ): By dezen Krijgstoght haãden zich verscheide Nederlandtsche Krijghs-oversten vervoeght, ais Byma, Kloppenburgh, Lichthart, Garstman en Mansfelt. Van Keulen trok.... Enquanto que na edição inglesa (p. 29, 2a coluna ) está escrito: This Fort was in 1633 taken by the Dutch under the Command of Matthias van Keulen, one of the Governors of the Company, who being assisted by several noted Captains, viz. Byma, Kloppenburgh, Liehthart, Garstman, and Mansfeldt van Keulen, sei sail... Como se vê, a ausência do ponto após o nome de Mansfeldt altera inteiramente o sentido deste trecho.
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