valho. 1 Divide-se ela em quatro distritos conhecidos pelos nomes dos rios que os banham, a saber: Cunhaú, Goiana, Monpebú e Potigí. 2 A capitania foi bastante desprezada pelos portugueses; entretanto produz ela, em abundância, caça e pescado tão deliciosos, que são geralmente servidos apenas com limão ou vinagre, mas sem azeite. No lago de Groairas, 3 há uma quantidade incrível de peixes e a região produz farinha em grande escala. Daí vieram os fartos abastecimentos de carne e peixe para as nossas guarnições da Paraíba e outras partes, durante a rebelião dos portugueses.
Acima do rio, há uma cidade de pequena importância, denominada Amsterdã. Seus habitantes vivem da pesca, da produção de farinha e do plantio de fumo. Mais ao norte vivem alguns camponeses que se ocupam em cultivar a terra; entretanto, a região que se estende ao norte do Rio Grande é apenas escassamente habitada. Rio Grande.
Rio Grande
O Rio Grande, assim chamado pelos portugueses devido ao seu considerável volume, é conhecido entre os naturais pelo nome de Potengí e tem a sua foz a 5º e 42' de latitude sul, 4 ou sejam três milhas de Ponta Negra, para quem vem da parte ocidental do continente. Desemboca quatro milhas acima do Forte Keulen, 5 conhecido pelos portugueses por Três Reis, e seu estuário pode abrigar navios de grande calado.
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Nota 147: Não é exato o que escreveu Nieuhof, pois os franceses não estavam de posse do Rio-Grande-do-Norte. Em 1597 é que 13 navios franceses atacaram a Paraíba e logo em seguida o Rio Grande do Norte (LXXII, tomo II, p. 50-51).' Feliciano Coelho de Carvalho, que Nieuhof chamou de general espanhol e escreveu Feliciano Creça de Karvalasho (p. 41, 2a coluna ), era capitão-mor da Paraíba e auxiliou Manuel de Mascarenhas, capitão-mor de Pernambuco, a expulsar os franceses do Rio Grande do Norte. Em abril de 1598 é que Feliciano Coelho de Carvalho pôde, efetivamente, auxiliar com gente da Paraíba a expulsão dos franceses. Sobre a colonização do Rio-Grande-do-Norte, vide "A colonização do Rio Grande do Norte até a ocupação holandesa", pelo Dr. A. Tavares de Lira, pp. 1-40, Rev. do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1914.
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Nota 148: Em Vingbooms se escreve Mopabu (XCVII, vol. II, mapa 45), Gonhoa e Goayra. Verdonck escreve (XCIII, 225): "Cunhaú. Três milhas acima de Camaratuba, existe um engenho chamado Cunhaú, o qual faz, anualmente, de 6.000 a 7.000 arrobas de açúcar. Ali moram de 60 a 70 homens, com suas famílias"; e logo adiante: (id. p. 226). "Nesta jurisdição do Rio-Grande pode haver, ao todo, 5 ou 6 aldeias de brasilienses, que juntos devem contar 750 a 800 flecheiros, e a principal destas aldeias é chamada Moppwbú e está situada a 7 milhas ao Sul do Rio Grande e a 4 ou 5 para o interior". No Breve discurso sobre as quatro capitanias conquistadas, escreve que ela está dividida em 4 freguesias, a saber: a de Cunhaú, a de Guajana (Goiana) a de Potingy e. (branco). Souto Maior escreveu (LXXXVIII, 415 e 416 e 424) : Mipibú, Monpibú, Monpebú. Em Baro, Monpabú (IX, 201).
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Nota 149: Nieuhof escreveu Goraires (p. 42, 1a coluna, 1° §). Cf. XXVI, p. 190, 2° vol.
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Nota 150: Na edição inglesa está escrito 50 graus e 42 minutos (p. 29, 1a coluna, 2° §); cf. ed. holandesa (p. 42, 1a coluna, 7° §).
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Nota 151: Forte Keulen. Vários tradutores, como os Senhores José Higino e Cláudio Brandão, têm grafado Ceulen. Não aceitamos essa grafia, porquanto o fonema representado pela 1etra k em holandês é diferente do expresso pela letra o antes de e ou i em português. Segundo a ortografia oficial, deve-se escrever uma palavra adotando-se a forma vernácula, quando existe. Como para essa palavra não existe forma vernácula, só se pode adotar, evidentemente, a reprodução fiel da grafia estrangeira.
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