Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil

Escrito por Nieuhof, Joan e publicado por Livraria Martins

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los africanos, mas não são tão grandes, pois raramente excedem a cinco pés de comprimento. Costumam por 20 a 30 ovos maiores que os de ganso, os quais, da mesma forma que a carne, são consumidos por brasileiros, portugueses e holandeses.

Nos mares próximos ao litoral brasileiro, encontram-se às vezes grandes lampreias. Antes da construção da ponte que liga Recife à Cidade Maurícia, uma delas, de tamanho considerável, instalou-se mesmo na rota dos botes e, tudo quanto caísse n'água era imediatamente atacado por ela: homens, cães, que às vezes acompanham os barcos a nado, etc. Um dia, porém, aconteceu que a maré baixou de repente e a deixou com a maior parte do corpo à tona. Foi então capturada e trazida para a terra, mas não sem alguma dificuldade.

O território de Pernambuco produz grande variedade de frutas. O mesmo se dá também com outros pontos do país, dos quais mais adiante nos ocuparemos.

Capitania de Itamaracá.

Ao norte da Capitania de Pernambuco, e divisando com ela, estende-se a de Itamaracá, cujo nome provém de uma ilha, que constitui a porção mais importante de seu território, conquanto a Capitania tenha 35 milhas de litoral. Essa ilha fica duas milhas acima de Pau-Ama-relo, 1 e, separada do continente pelo rio do mesmo nome, tem sua extremidade meridional a 7o e 58' de latitude sul. Na direção norte-sul, mede cerca de duas milhas de comprimento e o seu perímetro é de aproximadamente sete milhas. À jurisdição desta ilha também pertenciam Goiana, Capibaribe, Terucupa e Abiaí 2, localidades situadas no continente. Antigamente era escassa a população da ilha e poucas as suas construções, posto que lhe fosse ameno o clima e fértil o solo, pois aí se encontravam cocos, pau-brasil, algodão, cana de açúcar, melões, etc. além de lenha em abundância e água fresca com que abastecer o Recife. Há, também, na ilha, madeiras para construções e para a indústria náutica. Entretanto, em certa época, foi ela grandemente infestada por animais selvagens que depredaram os canaviais. Foi então que Pieter Bas, diretor da Capitania de Itamaracá, consultou o Conde Maurício e o Grande Conselho, em 1647, sobre se seria melhor empreitar a destruição desses animais daninhos ou dar-lhes caça a fim de servir de alimento às guarnições. O Conselho, entretanto, rejeitou ambas as alternativas e limitou-se a aconselhar o povo a que não sacrificasse inutilmente os animais, abatendo apenas os que invadissem as plantações, pois era do interesse da Companhia preservá-los para uma eventual necessidade


  1. Nota 124: Nieuhof escreveu Pomerello (p. 35, 2ª coluna).

  2. Nota 125: Nieuhof escreveu Abiay (p. 35, 2a coluna, 5° §).