similares europeus. Ademais, há uma excelente qualidade de lagarto que os nativos conhecem por vuana e tejú 1 e que passa por ser delicioso manjar.
Peixes.
O peixe tem, no Brasil, importância igual à do gado, no abastecimento das nossas fazendas, em sua maioria instaladas no litoral do país. Em Pernambuco, principalmente, é tal a abundância de pescado que, durante os quatro ou cinco meses de verão, se chega a apanhar, de um só lanço, dois a três mil peixes. Na estação das águas, já a pesca diminui. Ao longo da costa, há certas regiões mais piscosas que as outras; algumas delas pertencem aos naturais, as restantes à Companhia que reserva certa percentagem anual de pescado para conserva. Os lagos, bem como as baías, são povoados por uma multidão incrível de peixes. Aos lagos, chamam os portugueses alagoas e os melhores peixes que nelas se encontram são a sindia, a queba e a noja 2, todos eles sem escamas. Ainda que os peixes dos lagos sejam menos apreciados que os dos rios, nem por isso lhes são inferiores, pois as alagoas nem sempre são águas paradas; nas mais das vezes comunicam-se com os rios em diversos pontos. Algumas variedades desses peixes são secas ao sol, para conservar. Destas, a mais conhecida é a que os brasileiros chamam curima parati e os holandeses herders. Há também grande fartura de peixes d'água salgada, de todas as qualidades. O Carapantangele, 3 como o chamam os brasileiros e que não difere em muito da nossa perca, merece especial referência por ser o mais apreciado pelos nativos. Produzindo os rios um número infinito de peixes, são estes, no geral, mais gordos e de melhor paladar que os do mar. Os apanhados pelos pescadores, no litoral, são, geralmente, salgados e
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Nota 120: Em Piso (LXX, 10), Vnuana & Teju - lagartos. Segundo Batista Caetano (III, 515), Teyú ou teíu ou teiyú, lagarto; literalmente, significa comida da gentalha, da tropa. Em outro cronista, como Abbeville (XXXVIII, 79), Teiou ouassou. Soares (LXXXVI, 312) tijuaçu, significando lagarto grande. Unuana deve ser Iguanas (Cf. nota 53 deste livro e p. 476, nota de Varnhagen n. 188, (LXXXVI).
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Nota 121: Nieuhof copiou este trecho de Piso (cf. LXX, p. 11), que registrou: "Sindia, Gueba & Noja".
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Nota 122: Nieuhof escreveu (p. 34, 1a coluna , 6° e 7° § §) Kurima Parati e Karapantangele. Laet (L, 508) registrou Kurema Parati. Em Piso (LXX, 11), Curima parati (Herders Belgis); e "Carapantagele é similar a perca". Em Marcgrave (LXX, 381) verifica-se que Piso equivocou-se, pois se trata de duas variedades; assim, Marcgrave escreve: "Curema dos brasileiros, espécie de tainha, maior e mais corpulenta''; enquanto a Parati é a tainha dos lusitanos; e Harder dos belgas, tendo um pé de comprimento e a figura do corpo como a da Curema. Em Abbeville XXXVIII, 32) Coureman Ouãssou e Paraty (id. 64). Rodolfo Garcia (XXXVIII, 32) anota que Curema é um dos nomes da tainha, no que se equivocou, visto a distinção feita por Marcgrave.
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