com sete pés e meio de comprimento, cor de cinza, arredondado e recurvo na ponta, mas é destituído de língua. No topo da cabeça há uma coroa de penas brancas e verdes. Os olhos são pretos e atrás deles há duas grandes concavidades, em lugar de orelhas. O pescoço tem o comprimento de dez dedos e metade dele, assim como a cabeça, não é coberto de penas, mas de uma pele enrugada, cor de cinza claro.
Tem esta ave o tamanho de uma cegonha, com a cauda curta e negra que se mantém sempre ao nível da extremidade das asas. A outra parte do pescoço, bem como todo o corpo, é coberta de penas brancas, sendo as do pescoço muito longas. As asas são igualmente brancas, pontilhadas de vermelho. Cozida depois de esfolada, sua carne constitui um prato agradável. É muito branca, posto que um tanto seca.
Prolifera no Brasil prodigiosa quantidade de pássaros silvestres, de todas as espécies, grandes e pequenas, muitos dos quais vivem nas matas, outros nos rios, mas todos proporcionam ao homem excelente alimentação.
Entre as melhores qualidades destacam-se os tordos, a que chamam jamdi 1, os faisões de diversos tipos, a que os nativos denominam macangú, jacú e aracua 2.
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Nota 104: Nieuhof escreveu (p. 31, 1a coluna ) jamdi. O tradutor inglês escreveu bamodi (p. 21, 2a coluna , 1° §). lambi registra Piso (LXX, p. 10).
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Nota 105: Em Gandavo (XXXVI, 111), Macucocaguás. Soares (LXXXVI, 261)escreve Macucagoá; Abbeville (XXXVIII, 45) escreve como Soares. Staden (LXXXIX,162) Mackukawa; o que não está de acordo com o que afirmou Varnhagen (LXXXVI,469), em nota n. 153 da obra de Soares, dizendo ter Staden grafado Mackukaitca; Léry (LII, 135), Mocacouá; Marcgrave escreve (LXX, 213) "Macucagua dos Brasileiros, espécie de galinha silvestre". Segundo Rodolfo Garcia (XXXVIII, 45), Macucagua ou Macagua vem de má por ybá, fruto, e cugiguar por curinhár que traga, tragador, comedor. Batista Caetano (II, 213) escreve Macagua, Macaua e acauã, falcão ou mboi-acá-hár, aquele que briga com cobras. Em Gandavo (XXXVI, 11); Soares (LXXXVI, 262). Segundo Rodolfo Garcia, (XXXIX, 31), jaeú é composto de y demonstrativo = que, aquele que, a = fruto + eu = comer; o que come grãos. Lêry (LII, 135), jacú; Abbeville (XXXVIII, 37), iacou; Nieuhof (p. 31, 1a coluna ), escreveu jaku. Batista Caetano (III, 565) escreveu yacu, o que traga ou engole frutos. Nieuhof escreveu Arakua (p. 31, 1a coluna ). Em Abbeville (XXXVIII, 20), Aracouan. Marcgrave não o menciona. Piso (LXX, 10) registra-o entre o Macucagua e o jacú. Aliás, todo esse trecho, desde o iambi até a jaçanã guaçú, é tirado de Piso. Segundo Rodolfo Garcia (XXXVIII) é preferível a seguinte etimologia: ará - alteração de guirá, pássaro e aquã = ligeiro, rápido.[/i]
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