dedos somente, pois no lugar do polegar há um espaço vazio, como se o houvessem amputado. As pernas dianteiras e as traseiras são armadas de espinhos, sendo aquelas menores que estas. Entretanto, nas patas nenhum espinho se vê. Este animal dorme habitualmente durante o dia e perambula à noite. Respira pelas narinas, é grande apreciador de galinhas e sobe pelas árvores, embora o faça muito lentamente. Sua carne não sabe de todo mal e os nativos comem-na assada. Emite um som característico: Iii.
Bicho preguiça.
Vejamos outro quadrúpede a que os brasileiros chamam Ai, os portugueses preguiça e os holandeses luyaert 1 (passo lento), dada a sua locomoção extremamente vagarosa, pois em quinze dias percorre apenas a distância de uma pedrada. Tem o tamanho de uma raposa mediana e o comprimento de pouco mais de um pé, a contar do pescoço (que não excede de três dedos de comprimento) até a cauda. Os membros dianteiros têm sete dedos de comprimento até as patas, mas os posteriores têm aproximadamente seis. A cabeça, arredondada, tem três dedos de diâmetro mais ou menos. A boca, que está sempre espumando, é redonda e pequena, e seus dentes não são grandes nem agudos. O focinho é preto, protuberante e liso e os olhos pequenos, negros e pesados. O corpo é todo coberto de um pêlo cinzento, do comprimento de dois dedos, que mais se aproxima do branco que do preto. Em torno do pescoço o pêlo é um pouco mais comprido que no restante do corpo. É um animal muito lerdo, incapaz da mais leve fadiga, devido ao fato de suas pernas serem desconjuntadas pelo meio. Contudo, vive sobre as árvores, mas caminha, ou antes, se arrasta muito lentamente. Seu alimento são as folhas das árvores. Nunca toma água e quando chove trata de se esconder. Quando se agarra a qualquer cousa é difícil remo vê-lo. Costuma emitir, ainda que raramente, um miado semelhante ao dos gatos.
Tamanduá
O papa-formigas, assim chamado porque só se alimenta de formigas, apresenta-se em duas variedades: o grande e o pequeno. Os brasileiros
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Nota 93: Laet (L, 487) escreve Hay, declarando que Thevet grafara Haü ou Hautchi. Marcgrave (LXX, 221-222) escreve: Ai sive Iguavus - Ai Brasiliensibus, Lusitanis Priguiza, Nostratibus Luyaert, id est Ignavus. ..; vocem rarissime edit iiiii, fere ut felis júnior. Marcgrave mencionou, também, o nome que lhe dera Thevet, de Hay e o de Unáu; Soares (LXXXVI, 301); Cardim (XIX, 39). Frei Vicente do Salvador (LXXVIII, 43). Rodolfo Garcia (XXXVIII, 83). Segundo Rodolfo Garcia, são ao todo 4 espécies, enquanto que Cláudio Brandão (VII, 381, nota 153) afirma que são somente duas. Batista Caetano (III, 27) escreveu; Ai, interjeição de dor, ai! onomatopaico de grito, nome do bicho preguiça (Bradippus) e depois deste dado ao monjolo de socar milho. Nieuhof escreveu Luyaert (p. 27, 1a coluna ). Hoje, escreve-se Luiaard.
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