Grande Conselho, com a aprovação do Governador, Conde Maurício, autorizou certo arquiteto a construir a ponte, sobre arcos de pedra, pela soma de 250.000 florins. Entretanto, depois de já ter o arquiteto gasto prodigiosa quantidade de pedra e levantado a alvenaria até a altura das margens do rio, verificando que na maré baixa ainda haveria 11 pés de água, abandonou a construção em meio, por não se sentir capaz de levá-la a bom termo 1.
O Conselho, porem, não desistiu da empresa. Retomou a obra, e, com o emprego de numerosos troncos de 40 e 50 pés de comprimento, numa altura de 12 pés de profundidade conseguiu barrar a corrente até que a ponte ficasse inteiramente concluída, o que levou cerca de dois meses. Estabeleceu-se então a seguinte tabela de peagem: 2 vinténs para pedestres civis, 1 para soldados e negros, 4 para cavaleiros e 7 para carros de bois.
O porto
O espaço compreendido entre o recife de areia e o de pedra constituía o porto propriamente dito. Na maré alta o ancoradouro chegava a ter 13 pés 2 d'água e os navios podiam aí manobrar com segurança, protegidos das ondas pelo colar rochoso. A passagem entre o recife de areia e o continente era de água salgada, enquanto que o Rio Capibaribe era de água doce.
O Rio Capibaribe.
O Rio Capibaribe deriva o seu nome de uma espécie de porco do mar ou do rio que ali se encontra e que os brasileiros denominavam Capibaribe 3. Esse rio nasce algumas léguas ao Poente, atravessa a Mata, ou Floresta do Brasil, Masiapí, São Lourenço e Real onde se junta ao Rio Afogados, próximo a outro do mesmo nome, e, finalmente, vai desembocar no mar, junto ao Recife. O Rio Capibaribe divide-se em dois ramos: um que se volta para o sul, e, passando pelo Forte Guilherme, toma o nome de Afogados; outro que corre para o norte, e, conservando o seu primitivo nome, continua seu curso entre o continente e a Cidade Maurícia ou a ilha de Antônio Vaz (a qual se pode atingir pela ponte) e daí para Waerdenburgh, onde se junta ao rio Beberibe, ou
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Nota 44: O engenheiro que construiu a ponte que ligava o Recife a Maurícia foi um judeu que vivia no Brasil anteriormente a 1628. Chamava-se Baltasar da Fonseca e, com seu filho e seu neto, confessou judaísmo, quando os holandeses se estabeleceram no Brasil (Cf. XI, 135). Barlaeus afirma que o Conselho empreitou a construção da ponte por 240.000 florins (Cf. VII, 156). Calado fala em 90.000 cruzados pelo custo da metade da obra. Essa parte tinha sido feita de pedras de cantaria (Cf. XVII, 151). Calado escreve que as pessoas brancas pagavam uma placa, os negros duas, os cavaleiros quatro, e os carros dois reales (id., id.).
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Nota 45: O tradutor inglês escreveu 13 ou 14 pés; (cf. p. 11, 2a coluna 2° § da ed. inglesa e p. 18, 1a coluna , 2º § da ed. holandesa).
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Nota 46: Segundo Teodoro Sampaio (LXXXI, 119), Capibaribe vem de caapinar - y - pe, que se alterou em capibar - y - be, rio das capivaras.
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