Historia Natural Médica da Índia Ocidental

Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo

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aquelas partes esfregando-as com polpa de limões, provocando dores. Esta doença difere das hemorróidas, sobretudo pelos seguintes sinais: há forte dor de cabeça; o orifício do ânus, muito hiante, apresenta fissuras. Em seguida, pelo diagnóstico; porque esta doença algumas vezes produz a morte, e em breve tempo. As hemorróidas, porém, não são assim, pois são curadas com os medicamentos usados na Europa, e até apenas com as sanguessugas brasilienses; e são mitigadas com o líquido da polpa da noz Cocos putrefata, aplicada reiteradas vezes. Demais, quem desejar defender-se contra esta enfermidade, lave bem o ânus, com água do mar fria ou tépida e suco de limões frescos, sempre que exonerar o ventre. Deve preferir-se muito aos outros remédios o Iaborandi-miri com uma pitada de sal e de pimenta brasiliense. Quando as partes sensíveis do ânus, esfoladas, não suportarem remédios tão acres, costumam temperá-las com gema de ovo e caldo de cana de açúcar, sobretudo com grelos da erva que notavelmente depura, chamada Iacuacanga. Quando a perda das forças contra-indicar a sangria, apliquem-se ventosas na parte inferior das costas. Em seguida, devem administrar-se clisteres refrigerantes, fortificantes e adstringentes, contendo anódinos, e até entorpecentes opiados. Depois, à maneira dos velhos aborígines, lave-se o ânus introduzindo-se-lhe dois dedos molhados numa solução de goma de Tareroquí e amido de tipioca de Mandioca, em água açucarada. Depois disto, prepare-se uma infusão de cerusa, água de rosas e das flores Ibabirába, açúcar vermelho, clara de ovo e leite com um pouco de ópio; embebe-se nisto uma mecha e introduz-se no ânus profunda e freqüentemente. Quase o mesmo efeito produzem certas ervas nativas, usadas de preferência a outras contra este mal, e comprovadas por longa experiência: como as folhas e flores das duas excelentes árvores Pagimirióba e Tapiá, da Aguaragnya, introduzidas tantas vezes quantas, devido à exoneração, se removerem as mechas ou os supositórios introduzidos. Se a parte dolorida não suporta o contato das mãos, apliquem-se-lhe sufumigações feitas de emolientes e secativos. Quanto à alimentação, convém usar principalmente alimentos frios e fortificantes; evitem-se os excitantes mais do que um