o trabalho, borrifam as feridas com água quente e untam-nas com bálsamos e sucos anódinos. Somente com estes remédios curam muitas enfermidades e livram de males as partes internas mais nobres.Vejamos, por fim, o que há digno de nota acerca dos vomitórios, sudoríferos e opiatos.Quem percebeu que a constituição dos íncolas e da região é cálida e úmida, não terá dificuldade em julgar quando e por que meios haja necessidade de exonerar o ventre pelos vomitórios. No verão seco não julgam seguro tirar pelos purgantes qualquer bile reunida no estômago devido à ingestão freqüente de frutos efêmeros e horários, sobretudo para as pessoas chamadas (expressão em grego)1 Como se disse que quase tudo se resolve aqui, em Medicina, com auxilio de meros vegetais (cuja quantidade compensa facilmente a falta de minerais), usam-se muitos vomitórios. Sem dúvida, levam a palma aos demais as célebres raízes de Ipecacuanha, desenhadas no tratado dos símplices.2 A estas todos os íncolas recorrem como a principal refúgio, seguríssimas que são para expelir seja um veneno ingerido, seja o lastro cacoquímico aderente às entranhas. Mais que todas, por causa de sua propriedade revulsiva, dão-se estas raízes contra a disenteria, tão comum nas Índias. Exaltaria com muitos encômios esta excelente panacéia; mas receio que algum satírico diga da minha Ipecacuanha o mesmo que, no tempo de Catão, se disse da excessivamente elogiada couve: "A divina couve de Catão". Os demais frutos e ervas usuais, que operam sobretudo pelas partes superiores do corpo, são as nozes catárticas Anda, bem como o rícino americano maior e menor, cujos dons e malefícios estão expostos no tratado dos símplices; a Caapomonga, Iitó, Manacá e outras da mesma espécie, dotadas de violenta virtude purgativa. Pesquise a estudiosa posteridade, mais tarde, o seu uso e abuso.Muito embora a grei dos médicos seja menos solicita em ministrar sudoríferos, e visto ser aconselhável que os ministros da natureza a imitem, a ela, que age com acerto, e ca-
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo