e de metais, jorram das fontes voltadas para o Oriente, são decantadas por longo caminho e pelo constante ardor do sol, e tornaram-se agradabilíssimas e muito tênues, e nada depositam. Nos meses de inverno são menos límpidas, por causa das chuvas freqüentes; nem tão frias. Nos meses de estio, em razão da brisa mais forte, são fresquíssimas, não pesadas como nas regiões frias, porém suaves, leves e de fácil digestão. As águas colhidas das chuvas são leves, mas quentes e facilmente se corrompem, porque constam de muitas e diversas partes; não sendo fervidas, causam rouquidão. Como os homens nus, banhados pelo sol, deitam fora as partes mais tênues através dos poros, ficando, por assim dizer, as impurezas, assim o sol a pino facilmente rouba para o alto o que é mais tênue, dos lagos e do próprio mar, abandonando o salgado por causa da densidade e do peso. As águas provenientes das colinas e dos montes servem para os que têm o ventre endurecido. Se algumas águas recebem seixos e ferro, são úteis aos de ventre mais úmido e relaxado, porque ressecam. Devem abster-se, totalmente, das águas salobras e palustres, porque, impuras e pesadas, adstringem o ventre. E assim, em virtude da sua imperícia, os que as julgam laxantes enganam-se, pois raramente fluem; e, como são estáveis, são castigadas pelo sol, e, provindo nova chuva, tornam-se espessas e mal cheirosas; por isso acontece que tornam os baços grandes e compactos e os ventres duros e quentes. Os velhos não são menos hábeis em distinguir o gosto das águas do que os europeus em discernir as várias qualidades dos vinhos; e a estes acusam de imprudência, se bebem quaisquer águas, sem discriminação. Eles bebem as melhores e as que nada depositam, guardando-as nos lugares altos (deixando de lado os subterrâneos, por causa do calor) em vasos de barro, por dias e noites, ao ar livre, onde apesar dos raios solares verticais, se refrigeram na mesma ocasião Intensíssimamente, segundo o aforismo de Hipócrates: "É muito leve a água que logo se aquece e logo esfria." Aos estuantes não convém bebê-la, posto que lhes seja agradabilíssima, a não ser que antes provem algum alimento, para acompanhá-la. Mas, pelo contrário, a maruja e os soldados, por costume de todo péssimo, depois de a sorverem muito
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo