a perecer, porque a terra, internamente fria, sobretudo no estio, mata facilmente sob sua crosta ramas e sementes. Os estrangeiros e novatos experimentam isto, não sem prejuízo. Colhem mais sementes e frutos, em muito diverso tempo, em lugares aclives e secos, do que em lugares em declive e úmidos. E a maior parte dessas sementes são plantadas e germinam todo o ano e em qualquer tempo, embora o resultado seja bom ou mau, consoante a diversidade dos lugares e das espécies. Com muita evidência isto se ostenta sobretudo a respeito das altas árvores denominadas Cocos e Palmitas. Estas, transplantadas fora de toda consideração da estação do ano e da idade das árvores, reverdecem aprazivelmente e dão frutos opimos, e gostam de ser tratadas na orla marítima estéril, conquanto suas raízes, inúmeras e curtíssimas, fiquem mal cobertas pela terra. Depreende-se que as raízes destas e de outras árvores indicas aborrecem tanto o frio subterrâneo que, precipitando-se para fora em busca do sol, mal se deixam cobrir pela terra. Algumas árvores, e dentre as mais preciosas, como o acaiú, a Vbapitánga, o Cajá , o Andá , a Iaçapucáia , o Murecy , o Ietaibá , o Araticú , a Ibabirába , as figueiras e murtas silvestres chamadas Iamacarú e Cambuy, também a planta Ananás e outras só florescem uma vez no ano, na primavera, que é por outubro, A seguir produzem frutos, entrando o sol no Capricórnio, e duram além de três meses e depois descansam. Só o fruto Guitycoroí, ao que consta, é produzido uma só vez num biênio. O fruto da árvore Ibiraée, que é o guajaco brasiliense, é produzido apenas de quatro em quatro anos. Umas poucas árvores até agora nativas se tornaram sativas; quando silvestres, dão frutos belos e de sabor agradabilíssimo, na mor parte frios e com propriedade adstringente. Como se a benigna Natureza desse este consolo aos mortais excessivamente castigados pelo calor e impusesse freio aos humores que se soltam. Muitíssimas árvores e arbustos produzem bem flores e frutos em quase todo o ano, vendo-se simultâneamente a primavera, o estio e o outono. As principais árvores sem dúvida são: Murucujá, Mangába, Pacóba, Banána, Ianipápa, Araçá, Pindóva, Cocos, Mamáon, Pinhoins, Piementa. Acrescentem-se-lhes a videira, o limoeiro, a laranjeira, a figueira, os pepinos, os melões, as
Historia Natural Médica da Índia Ocidental
Escrito por Piso, Guilherme e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. Universidade de São Paulo