Espécies de aves.
Das aves encontram-se as espécies seguintes: O TUCANO [^nota-163], do tamanho da pega, com o peito amarelo e o resto do corpo preto, o bico grande e longo, mas leve, aloirado por fora e vermelho por dentro. O GUARÁ [^nota-164], todo de um vermelho alegre. Os PIRETAGUARÁS [^nota-165], que deleitam pelo verde extraordinário da plumagem. Os PAPAGAIOS, bastante conhecidos. A ARARA, de cor vermelha e azul. Chamam-lhe corvo do Brasil, e ele se avantaja no tamanho e na beleza às outras aves [^nota-166]. O AVESTRUZ [^nota-167] AMERICANO, menor do que o africano. Não são apenas estes e outros animais selvagens que se encontram no Brasil; mas também lá se reproduzem com singular fecundidade manadas de gado miúdo e de cavalos, que outrora levaram os portugueses para lá [^nota-168]. Acham-se cavalos do melhor sangue e do maior preço, que os angolenses compram em grande número [^nota-169]. Há também densíssimos rebanhos de ovelhas. Possuem não poucos quinhentos touros ou vacas, e alguns mil, principalmente nos campos de PIRATININGA, onde as pastagens verdejam férteis e viçosas. E, incrível a quantidade dos porcos, cuja carne é de tal excelência que serve de remédio e alimento para os enfermos [^nota-170]. E, sem número o número das galinhas [^nota-171], em razão do clima temperado. São avidamente procuradas tanto pelos índios quanto pelos portugueses, e criam-se com grande cuidado. Produz a região gansos maiores e melhores que os da Europa [^nota-172]. São as ovelhas de gordura pouco apreciada e para os nossos piores no gosto [^nota-173].O mar é piscosíssimo, e os rios são célebres pela variedade de peixes. O OLHO-DE-BOI [^nota-174], peixe marinho, tem este nome por ter os olhos semelhantes aos do boi. Com tal palavra costuma Homero designar Juno [^nota-175]. Este peixe iguala no tamanho os atuns da Espanha, e é tão gordo que os índios preparam da sua enxúndia um óleo semelhante à manteiga. Entre os peixes principais se inclui o CAMURUPI, de ótimo sabor, eriçado dê espinhas, uma das quais traz levantada no dorso [^nota-176]. O PIRAMBÁ ronca à maneira de quem ressona. Mede oito ou nove palmos de comprido, é muito apreciado e de agradabilíssimo sabor. Tem dentro da boca duas pedrinhas, com cujo atrito esmói os moluscos de que se nutre. Os índios suspendem essas pedrinhas ao pescoço como colares [^nota-177]. Encontra-se no Brasil larga cópia do BEJUPIRA [^nota-178], semelhante ao esturjão de Portugal. É de forma