História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

Página 120


Os sargentos-mores de que fala comandam os corpos que lhes designo, e só durante a expedição, para se aliviar de despesas a Companhia.Confesso que se reduz o número das companhias, mas por não ter eu trabalhadores e praças de engenharia que são necessários. Concluída a expedição, voltará cada um para as suas companhias e bandeiras. Aqueles que a morte neste meio tempo rouba aos comandantes, lancem à conta de Deus e não à minha a sua mortalidade.Nego que esteja em desordem a milícia, quer por desmoralização, quer por ambição de honras, quer por imperícia. Se os oficiais negligenciam fazer o que lhes compete, não me cabe tomar a responsabilidade alheia; se alguém me mostra agradecimento, fá-lo a quem o beneficiou. Ora tais benefícios foram feitos antes da chegada de Artichofski, quando ainda não se achava aquí aquele a quem ele julga se deverem os agradecimentos. Acusa falsamente que outros comandam as suas companhias e não os próprios capitães.Quanto aos bilhetes, mediante os quais se requisitam soldados já para os serviços náuticos, já para os trabalhos mecânicos, nenhuns circulam que não partam de mim; nenhum procede de almirante, de sargentos estrangeiros ou escritos por oficiais inferiores. Quanto à escolha de cada soldado e à função a ele destinada, não tem folga o general para consultar Artichofski e pedir-lhe o assentimento. E aqui no Recife é dever de todos os coronéis e tenentes-coronéis, a que chamam majores, aguardarem as minhas ordens, que dependem das ocasiões, do lugar e do tempo. Mais destacado se mostra, quando nega que tenente-coronel do seu regimento não é empregado nos negócios da milícia: nesta mesma expedição que está em apresto, dei-lhe instruções, não por falta de oficiais, mas para fazer esta distinção ao regimento dele.Quer Artichofski que o seu regimento fique aquartelado numa só província. Mas apelo para todos vós que sois versados em assuntos militares e conheceis as regras do comando: convém alojar regimentos inteiros nas mesmas guarnições? Onde se ajunta uma soldadesca numerosa e vê as suas forças pela certeza da segurança, com facilidade intenta ela uma rebelião, se as coisas não lhe agradam. Muito salutar é ficar ela dispersa em grande extensões, para não planear uma violência ou uma traição. Além disso, com dificuldade se poderia obter num só lugar alimentação para uma soldadesca excessiva