Os sargentos-mores de que fala comandam os corpos que lhes designo, e só durante a expedição, para se aliviar de despesas a Companhia.Confesso que se reduz o número das companhias, mas por não ter eu trabalhadores e praças de engenharia que são necessários. Concluída a expedição, voltará cada um para as suas companhias e bandeiras. Aqueles que a morte neste meio tempo rouba aos comandantes, lancem à conta de Deus e não à minha a sua mortalidade.Nego que esteja em desordem a milícia, quer por desmoralização, quer por ambição de honras, quer por imperícia. Se os oficiais negligenciam fazer o que lhes compete, não me cabe tomar a responsabilidade alheia; se alguém me mostra agradecimento, fá-lo a quem o beneficiou. Ora tais benefícios foram feitos antes da chegada de Artichofski, quando ainda não se achava aquí aquele a quem ele julga se deverem os agradecimentos. Acusa falsamente que outros comandam as suas companhias e não os próprios capitães.Quanto aos bilhetes, mediante os quais se requisitam soldados já para os serviços náuticos, já para os trabalhos mecânicos, nenhuns circulam que não partam de mim; nenhum procede de almirante, de sargentos estrangeiros ou escritos por oficiais inferiores. Quanto à escolha de cada soldado e à função a ele destinada, não tem folga o general para consultar Artichofski e pedir-lhe o assentimento. E aqui no Recife é dever de todos os coronéis e tenentes-coronéis, a que chamam majores, aguardarem as minhas ordens, que dependem das ocasiões, do lugar e do tempo. Mais destacado se mostra, quando nega que tenente-coronel do seu regimento não é empregado nos negócios da milícia: nesta mesma expedição que está em apresto, dei-lhe instruções, não por falta de oficiais, mas para fazer esta distinção ao regimento dele.Quer Artichofski que o seu regimento fique aquartelado numa só província. Mas apelo para todos vós que sois versados em assuntos militares e conheceis as regras do comando: convém alojar regimentos inteiros nas mesmas guarnições? Onde se ajunta uma soldadesca numerosa e vê as suas forças pela certeza da segurança, com facilidade intenta ela uma rebelião, se as coisas não lhe agradam. Muito salutar é ficar ela dispersa em grande extensões, para não planear uma violência ou uma traição. Além disso, com dificuldade se poderia obter num só lugar alimentação para uma soldadesca excessiva
História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.
Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife