História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

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sigo, mas para intervir como escarnecedor e censor de todas as minhas ações. Confio fazê-las aprovar por vos e pelos meus senhores da Europa, e não deixarei faltar em mim as partes e os deveres de um bom general. Deveria vê-los Artichofski, antes de se tornar o detrator e maculador da minha reputação. Não devia eu ser infamado nem exposto à malignidade de um aleivoso, eu por cujos labores, vigílias e perigos perdura firme a incolumidade do Brasil Holandês.Se não reconhecerdes em mim grandes feitos, pois cabe a Deus o concedê-los, ao menos reconhecereis, de modo certo, um espírito voltado para a salvação pública e com ela preocupadíssimo: para alcançá-la igualei o meu desejo, todo o meu desvelo, todos os meus perigos com os vossos desvelos e com os perigos de todos. De sorte que é certamente grave que mostrando eu os melhores intentos, haja homens, que, procurando estorvar-me os esforços, espalhem acusações contra mim, como se eu preferisse os meus aos vossos interesses, gestor negligente e remisso do bem público.E qual é o atrevimento de Artichofski? Ousa vir ler em nossa presença e não sem arrogância essa sua carta, vitupério do meu e do vosso nome, para acusar-nos mais audazmente por escrito, o que oralmente haveria feito com maior timidez e com voz débil. E leu-a perante vós para ter por testemunhas de tantas mentiras varões respeitáveis, companheiros e assíduos observadores dos meus trabalhos.E não se mostra diferente como particular e entre particulares, pois nem ainda entre os meus domésticos se abstém dos ultrajes que contra mim atira biliosamente, sem ignorar que me chegarão aos ouvidos. Foi-me afrontoso ter ele aconselhado a um tenente-coronel não acompanhar-me, ainda mesmo que eu lho ordenasse, ã expedição por mim empreendida, dizendo que eu iria com a escória dos soldados e com a desonra dos homens. São estes os elogios que ele dá à nossa milícia.Também chegou a tal desaforo certo mosqueteiro de Itamaracá que disse nesciamente não reconhecer doravante por superiores nem o Conde, nem os conselheiros, mas só Artichofski. Um tenente do seu regimento recusou obedecer a uma ordem minha, assinada por mim, alegando necessitar de licença prévia do seu generalíssimo (assim se intitulava Artichofski).Como estes fatos são inícios mal agourados do que se pretende fazer, tendendo para as cisões e ruína pública, como poderei fiar-me em homem de tão mau natural ou admitir por sócio de meus tra