História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

Página 100


pestivamente, tendo-se por muito mais vexatório travarem combate, como quer que fosse, para serem vencidos; outro afastava-se, preparando a retirada. Quase todos, como de concerto, desatendiam às ordens do general, sem dar ouvidos à sua autoridade.

É de novo abandonado - Trava combate novamente

.No dia seguinte, estando ainda parada ali a frota inimiga, pela terceira vez reuniu Jol em sua presença, os capitães e comandantes. Obrigou por novo juramento cada um deles a si e fez que todos assinassem um compromisso escrito, em virtude do qual declaravam que estavam dispostos para o combate, e que haviam de pelejar até o último alento. Depois de os exortar a lembrarem-se que eram batavos e a lavarem, por um rasgo novo de bravura, a mácula do dia antecedente, determinou a ordem da batalha. Iria ele na dianteira, acompanhando-o sucessivamente a Orange, a Fama, a Esperança, a Schwoll, a Tole, a Ernesto, a Over-Yssel, a Goeree e a Mercúrio. Confirmados os ânimos pelo juramento militar, parecia ter voltado o amor da obediência, e maior ardor de batalhar seguia as palavras do almirante. Entretanto, estando prestes para a peleja, foram-lhes desfavoráveis os ventos e os mares, por haver o inimigo ficado a barlavento da nossa esquadra, de modo que era preciso navegar esta ao lado da frota adversa, expostos os nossos à sua artilharia. Neste recontro morreu o capitão João von der Diest, o qual, durante a vida inteira, exercitara o corpo nos perigos e o ânimo nos preceitos náuticos. E aqueles que haviam jurado faltaram ao dever, atacando o inimigo de longe e com tiros inúteis.

Quarta vez marcha contra o inimigo.

Malograra-se, portanto, a empresa. A 17 de setembro soube Jol, por navios mexeriqueiros, que a frota espanhola vogava perto dos escolhos de Cuba e dos órgãos. Obstinado no seu propósito e ávido de presa, quis entrar em luta pela última vez. Mas, em primeiro lugar, achou a marinhagem relutante, e ela exprobrava a pusilanimidade e apatia de seus capitães e já não queria ficar adstrita à necessidade de obedecer-lhes. Então, destituiu Jol, como réus de traição e de rebeldia, os comandantes da Schwoll, Over-Yssel, Goeree, Mercúrio e Ernesto, e, substituindo-os por outros, foi tanto o entusiasmo dos que iam combater como se, por uma esperança indefectível, já houvessem subjugado o adversário. Rumando para os escolhos dos Órgãos, onde fora a estância dos contrários verificou ter-se escapado a frota e esteirado para a Nova Espanha.Assim a fortuna, depois de deixar crer a princípio que afagava Jol com os seus favores, pondo-lhe diante por presa a frota espanhola, logo o desamparou como se arrependida do seu desígnio. Julgando ele, por isso, que não lhe convinha deter-se ali mais com refratá