escravos. Os fugitivos iriam precipitar-se na ruína comum, e era maior o perigo para os que mais temiam. Fosse qual fosse a volta da fortuna, seria glorioso acabar fora da Pátria, nas extremidades do mundo e da natureza. Portanto, disse ainda Houtbeen, reunindo as nossas forças, continuemos a batalha, esquecidos dos despojos até os tornarmos seguros, depois de alcançada a vitória. A necessidade de combater da qual fugis, acompanha-vos. Se recusais pelejar, porque tendes armas" porque empreendestes voluntariamente a guerra" Sois audazes e turbulentos fora das ocasiões e, apresentando-se estas, sois covardes. Que esperança há aqui para os medrosos" Julgais que vos protegerá Deus, a vós que fugis à luta" É preciso que à espada nos apoderemos do mar e destes despojos. Aqui não estamos cingidos de muros e trincheiras: é necessária a audácia em vez de muro e de escudo. Eia! lembrando-vos do nome dos batavos, saltai naquela frota. Sirva de estandarte a minha proa. Mostrai a castelhanos e portugueses que eles não vos igualam, nem navegando, nem batalhando em terra. Ou não viésseis aqui ou compenetrai-vos de que tendes de lutar segundo exige a dignidade da Companhia. Não podemos partir antes de realizarmos a nossa esperança, vencendo a esquadra espanhola. Abstenho-me de outras razões: a própria indignidade e infâmia da retirada aconselham a perseverança".Depois, olhando o semblante dos seus, disse: "Que tristeza é essa, companheiros, que insólita hesitação è essa" Desconheceis o inimigo, a mim, a vós mesmos" Que é o inimigo senão um guarda cuidadoso do tosão de ouro? Se o atacardes, logo empalidecerá, tornando-se da mesma cor do ouro. Eu vosso general, conduzo-vos para a glória e para o vosso bem estar. Vós, ilustres pelas vitórias ganhas na Pátria e fora del,. cobrai da fortuna e de tantos exemplos dos vossos compatriotas a confiança de ousar".Combate outra vezA estas palavras, dirigiu outra vez sua esquadra contra o inimigo e com tiros de peça, deu o sinal para o combate. Mas, ou por igual medo, ou por igual espírito de rebeldia, como antes, quando chegaram ao alcance da artilharia, pararam inertes, ingloriamente, deixando a peleja ao almirante e mais uns poucos. Pedindo ele com instância que se associassem à luta e invocando a fidelidade prometida e o remordimento das consciências, um confessava o seu temor; este exagerava o poder dos inimigos; aquele acusava a temeridade do almirante, afirmando abertamente que estavam certos do exício e que eram arrastados à perdição por causa da grande desigualdade das forças; que não era vergonhoso cederem os holandeses tem
História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.
Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife