História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

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que para si havia-os na cidade e nas suas proximidades, e por isso haviam de pelejar em condições e em lugar mais favoráveis.

É ocupado pelo conde - Coloca os acampamentos junto à cidade - Toma o forte de St.º Alberto, S. Filipe e S. Bartolomeu.

Crescendo já a maré, via-se Nassau impedido de penetrar aquele mesmo dia o desfiladeiro. No seguinte, levantando o acampamento, marchou contra a garganta para forçá-la, se pudesse. De novo porém, a tinha ocupado com infantaria ligeira o general português. Depois de ter Maurício pelejado com ele, servindo-se de peças de campanha, e de lhe ter derribado alguns, fê-lo largar a posição. Nós, tomando e passando na mesma tarde o desfiladeiro, ficamos sobremaneira admirados da estulta fuga dos portugueses, aos quais teria sido facílimo defender o passo com pouca gente. Avançando mais, quase meia légua da cidade, por toda a parte encontramos e repelimos tropas inimigas guardando as estradas, as entradas e margens dos rios, até que, estabelecido o acampamento mesmo debaixo das fortificações externas da cidade, esperamos a ofensiva dos adversários. Abrigados estes da sua artilharia, que estava no alto, tinham dispostos os soldados, ao que parecia, para combaterem sob as muralhas. Entretanto, contendo-se em sua posição, com freqüentes disparos de peças alvejaram aos nossos e causaram algum dano à companhia de brasileiros, em extremo descuidosa. Ocuparam os holandeses o forte de Santo Alberto, construído de pedra, o qual tinham os portugueses abandonado. Garantiu ele o nosso campo de ser sitiado e investido da banda da praia. Mandou o Conde circunvalá-lo, e depois, por intermédio do tenente-coronel Brand, recebeu outro forte - o de S. Filipe -, situado na costa, com pequena guarnição, o qual capitulara, posto que se defendesse com cinco bocas de fogo. No dia seguinte, apoderou-se do Forte de S. Bartolomeu, terrível por treze peças e providíssimo de grande cópia de petrechos bélicos. Tendo-nos caído nas mãos estas fortalezas, ficou-nos livre o acesso às naus para recebermos mantimentos, de que se podia prover a soldadesca em terra apenas por oito dias.

Levanta baterias .Depois, a mandado de Nassau, levantaram-se duas baterias, uma para sustentar cinco peças grossas e a outra para duas menores, a que chamam de campanha. Enquanto nos ocupamos em construir essas trincheiras, fizeram os portugueses freqüentes sortidas, ora com 300, ora com 400 homens das guarnições ; mas foram inócuas. Atirando continuamente das baterias contra o forte do Rosário, que era ao pé do morro, expulsamo-lhe o presídio. Entretanto, por causa da estância inimiga próxima, a cujos tiros