restem, deixando-o ferver de novo até consumir-se a lixívia. Em seguida o viram, como que renascido, nas fôrmas, cobrem-se as caras destas com barro mais puro, e secando este à maneira de crosta, põe-se outro mais algumas vezes, com o mesmo fim que dantes, escorrendo de novo um mel mais grosso e mais impuro.
Várias formas do açúcarDistingue-se o açúcar em mole e duro. Este, segundo sua forma, chama-se pão de açúcar, açúcar misturado, candi, e penídio [^nota-90]. O açúcar em pão diversifica-se em açúcar da Madeira, das Canárias, fino, de Meli [^nota-91] e de S. Tomé. Os dois primeiros assim se denominam por causa das ilhas donde procedem. O fino é assim chamado por ter chegado ao seu fim, isto é, por ter atingido o ápice da alvura e da pureza. O de Meli tirou a denominação de Meli, ilha da Índia Ocidental, e o de S. Tomé designa-se assim, porque provém da ilha desse nome. Este é de qualidade inferior e trigueiro, empregando-se principalmente em xaropes, conservas, remédios e clisteres. Chama-se misturado o que se transporta em caixas, sendo formado com fragmentos dos outros. O candi toma o nome dos gregos barbarizados, porque é facetado e, quebrando-se, salta em partículas angulares. A este chamam-lhe os gregos modernos Xàvrov . Erro é do vulgo e dos ignorantes que tem ele tal nome por derivar este da palavra latina candor, como que significando cândido, ou por o tirar da ilha de Cândia, pois nem todo o açúcar candi é branco, nem todo o que é branco é candi. Há, com efeito, um outro açúcar cristalizado, semelhante a um cristal, que se faz com o açúcar fino; há um outro alourado e que nunca clareia, que se fabrica com o de São Tomé e é assaz parecido com ele. O penídio faz-se com o açúcar em pão, com o de S. Tomé e até mesmo com o misturado. Recomenda-se por mais alvo, mais raro e mais moderado no calor.
Paraíba vencida pelos nossos no ano de 1634 -Descrição da Capitania do Rio Grande do Norte.
Em 1634, invadiram a Paraíba os coronéis Schkoppe, Artichofski, Henderson e outros e, expugnados todos os fortes, atribuíram-na à Companhia. É próxima dela, para o norte, a colônia do Rio Grande, que deve também o seu nome a um rio notável, cujo acesso é muito difícil por causa dos bancos de areia e do mar pouco fundo, mas tem as terras do sertão muito amenas. Chamam-lhe os bárbaros Potengi [^nota-92]. Foi navegado pelos franceses, os quais, aliando-se aos indígenas, ali se estabeleceram. Os portugueses expulsaram os franceses com o auxílio do governador da Paraíba, Feliciano Coelho [^nota-93], submetidos também, com alguns combates, os gentios. Caiu a região em nosso poder, tomando-se-Ihe a fortaleza em 1633. Capitaneou a expedição Matias Ceulen, tendo