Os africanos começam os combates com alaridos, segundo o costume dos macedônios, persas, cartagineses e germanos.
Não muito depois, alguns deste mesmo gentio, obstinados até o extremo, numa grita ingente e horrível, atiravam contra os holandeses, com uma coragem nova, sem fazer caso dos mosquetes. Dispersos alguns pelas balas dos mosquetes, aconselharam aos outros a retirada, em vista do lastimável exemplo dos seus. Arrefeceu a temeridade após a primeira sanha, e desde esse momento não mostraram igual ousadia e, atendendo mais à sua segurança sob as muralhas da fortaleza, manifestaram antes prudente timidez que infrene e irrefletida audácia. Nem já se aterrorizavam os holandeses com os alaridos infernais dos africanos e suas horrendas cataduras por causa dos lábios grossos, dos dentes alvos, do olhos abraseados, das narinas dilatadas e fumegantes de ira, coisas com as quais havia muito se tinham habituado entre os brasileiros. Respira um quê de indômito e de feroz a índole de tal gente. Travam as batalhas soltando berros selvagens como o faziam outrora os germanos, segundo o testemunho de César, costume também dos antigos persas, macedônios e cartagineses. Fazem tudo muito à pressa, e até para os escravos é servil a lentidão. A esses bárbaros afigura-se-lhes costume régio o executarem-se as coisas imediatamente.
Koin sitia a praça.
Intentando Koin investir a praça, mandou por gastadores abrir dois caminhos, cada qual em um dos dois montes: um ia ter à praia para o transporte dos petrechos bélicos; o outro guiava para o tope do morro vizinho da fortaleza. Colocando aí os soldados e a artilharia, começou a batê-la, aterrorizando os guardas.Durante isto, os africanos nossos parciais abalaram de Comenda (é o nome da aldeia) para a aldeia da Mina, que fica sob a fortaleza, travando escaramuças com os minas. Mas, voltando logo, tangeram todo o gado destes para se aproximarem dos holandeses, se não fossem obstados pelo rio. Assim, buscando caminho pela praia, acamparam no sertão. Neste entrementes, assentando-se um morteiro no morro, lançaram-se duas balas contra o forte, que enganaram o atirador, caindo mais aquém. Contra nós faziam fogo os sitiados, por cujos canhões tombaram feridos o capitão naval Huberto e um dos marinheiros. Então saiu novamente dos seus esconderijos e de sua posição o exército dos africanos de Comenda para darem assalto contra a aldeia dos minas; mas, repelidos pela artilharia, fizeram os seus recuar.
Pede a rendição
Koin, depois de freqüentes disparos contra a fortaleza, pede-lhe por um tambor a rendição para o por-do-sol, avisando que a apressem a fim de não sacrificarem, urgidos pelo tempo, a vida de