História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

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O que acabei de expor são informações topográficas e, por assaz conhecidas, não precisam de ser escritas. Cinjo-me, pois, à narração histórica.

Schkoppe parte para as Alagoas - Foge Bagnuolo.

Providenciadas as coisas necessárias à fortificação e resistência dos baluartes, foi Schkoppe enviado para as Alagoas, com forças e cavalaria, em busca dos remanescentes do exército adverso. O Conde Maurício, para aliviar os soldados fatigados da marcha, embarcando-os na Barra Grande (é uma enseada espaçosa, comportando mais de vinte naus, vizinha de Porto Calvo), saltou em terra junto à ponta de Jaraguá [^nota-58], não longe das Alagoas, e perseguiu o inimigo até o rio de São Francisco.Durante isto, alguns indígenas, acessíveis às armas e sortidas dos nossos pediram-nos com instância fossem aceitos sob a nossa proteção, o que alcançaram, pois Nassau não julgou generoso combater com particulares infelizes, mas sim com inimigos violentos. Obtida a garantia que tinham pedido, voltaram para as suas terras, sabendo ter nos holandeses defensores dos seus bens e não inimigos.

Atravessa o Rio de São Francisco.

Perto do Cururipe [^nota-59], tiveram-se indicações de que o Conde Bagnuolo passava, em jangadas, para a outra margem do S. Francisco, os soldados que ele tinha em Penedo. Ordenou-se por isso a Schkoppe que se dirigisse para ali com tropas de arcabuzeiros, índios e uma companhia de cavalos, para perturbar os planos dos espanhóis. Chegando, porém, ali um pouco tarde, quando atravessava a última jangada, só se ofereceram à cobiça da soldadesca dinheiro e alguns vasos de prata. Em verdade, vencida rapidamente a fortaleza, mais depressa do que esperavam Bagnuolo e os habitantes, os quais a julgavam capaz de resistir ao cerco quatro meses, não puderam eles tempestivamente olhar para os seus haveres.

Chega o Conde a Penedo - O forte de Maurício por ele construído às margens do S. Francisco.

Em chegando Maurício a Penedo, vilazinha às margens do São Francisco, a seis léguas do mar, julgou o lugar idôneo para fazer progressos no território inimigo. Mandou construir ali o forte que lhe tem o nome e outro junto à barra do rio. O inimigo e os moradores da vila recolheram-se ao Sergipe del Rei, distante 24 léguas do rio de São Francisco. O estuário dele tem quase a largura do Mosa próximo ao porto de Delft na Holanda. As águas correm muito agitadas. Mandou-se então aos habitantes da margem austral que, com todo o seu gado, passassem para a margem setentrional, a fim de não ir ali o inimigo abastecer-se, como antes já acontecera .E quase só nestas expedições se gastaram no Brasil os meses do inverno e o princípio da primavera. O bom êxito delas firmou o