História dos feitos praticados no Brasil, durante oito anos sob o governo do ilustríssimo Conde João Maurício de Nassau.

Escrito por Barleus, Gaspar e publicado por Fundação de Cultura do Recife

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os dispêndios impostos por tantas expedições; mas, com isto, pareceria a Companhia mais possante e mais terrível aos adversários.

Predicados de Nassau - Entrega-se o governo do Brasil ao ilustre Conde - Ratificação dos E. Gerais e do Príncipe de Orange.

Era essa mais ou menos a situação do Brasil e da América, quando Nassau assumiu o governo. Todos o desejavam nesse posto, porque, prático na milícia européia, sob o Príncipe de Orange, reconquistara, com sua dedicação e diligência, o que antes dele ninguém conseguira, a praça de Schenken, a qual, situada no divórcio das águas do Reno, defende a Batávia. Gozava ele por isso o favor público dos holandeses, acrescendo a esses títulos o lustre de sua família, ligada pelo sangue aos imperadores e por matrimônios aos reis, além da autoridade, da galhardia, da lealdade, da boa fortuna e de outras muitas virtudes e honras. Tudo isso exigia fosse ele arrastado sem detença ao comando supremo e não consultado em longas deliberações. Demais, ostentava ele no porte e no corpo a bizarria e gentileza não só própria da idade viril, mas também congruente na dignidade com a relevância do seu alto cargo. Para auxiliar os príncipes alemães, já antes participara, como cavaleiro, da expedição que, sob Frederico Henrique de Nassau, se mandara ao Palatinado contra o Marquês de Spinola [^nota-50]. Fora alferes e comandara como capitão uma companhia, subindo logo de posto, sob Ernesto, governador da Frísia, e depois sob o príncipe Maurício de Orange, "stathouder" de Holanda, Zelândia e Frísia. Sob S. A. o príncipe Frederico Henrique, já supremo defensor das Províncias-Unidas, celebrizou-se Nassau nos famosos assédios de Groel, Bois-le-Duc, Vanloe, Maestricht (onde sustentou e repeliu com valentia o ataque contra a sua posição feito por Pappenheim [nota 50-A), general das forças imperiais) e de Rheinberg. Assim, depois de desempenhar, no Velho Mundo, todas as funções militares, viria exercer outras novas no Novo Mundo. Acompanhava-o a opinião - era verdadeira - de que se lhe dava a província do Brasil, não por insinuação ou pedido seu, mas por ser dela julgado digno e capaz. A voz pública não errava, antes escolhia o melhor. E o que é mais para louvar, logrou ele, por suas virtudes, fosse a Companhia antes pedir de empréstimo um governador aos alemães que escolhê-lo entre os próprios holandeses. Os Estados Gerais e o Príncipe de Orange ratificaram os poderes a ele conferidos pelos diretores da Companhia, dentro das cláusulas seguintes, que fossem honrosas para o general e para a casa de Nassau e úteis ao povo: 1) governaria com o título e poder de governador e capitão-general de terra e mar; 2) teria sob sua jurisdição todas as terras