A energia do Conde estimulou a dos operários, e não quiseram parecer preguiçosos, uma vez que ele os exortava e animava, determinando em pessoa para cada um a sua tarefa, e com tal critério que uns não estorvassem aos outros. Com dois meses de trabalho, concluiu-se a ponte toda, em extensão de muitas varas de dez pés, dando ela caminho a peões, cavaleiros e carros. Assim nada é difícil aos audazes, ajudando a pertinácia à indústria, a esta o esforço e a este uma liberdade fácil e larga.Rematada a obra com admiração de todos, declarou o Conde ao Conselho os motivos do seu ato, figurando entre os primeiros e mais poderosos as censuras de alguns, na Holanda, os quais lhe lançavam em rosto as despesas crescidas e inúteis. Dizia que era mister satisfazer ele esta culpa, porquanto não empreendera aquela construção temerariamente, mas levado pelas razões mais relevantes. Já aprovavam os conselheiros, diante do êxito alcançado, aquilo mesmo que, antes de acabar-se, tinham reprovado (pois sói acontecer isto com os grandes cometimentos), e pediram fosse aquela ponte do domínio público e pertencente à Companhia. O Conde aquiesceu sem dificuldade, mas com a condição de que o rendimento do primeiro dia coubesse aos pobres. E foi de fato tamanha a freqüência dos que, por amor da novidade, iam e vinham aquele dia, que o dinheiro recolhido montou a 620 florins. O tributo anual foi vendido por 28.000 florins. Os cidadãos pagavam de portagem 2 stuivers [^nota-237], os soldados e os escravos 1, os cavaleiros 4 c os carros de boi 7 cada um. A passagem do rio em barcas, que, antes da chegada de Nassau, rendia ao Tesouro apenas 600 florins, cresceu a tal ponto no valor que ainda antes de se concluir a ponte, ascendeu a 6.000 florins mais. Certo, com esta renda mais opima, podiam resgatar-se as despesas feitas com a tentativa de nova ponte. Resistindo isto à inveja e à calúnia, abateram-se, em benefício da Companhia, 112.000 florins, no pagamento da construção, o qual, pelo contrato, era de 240.000. Com efeito, tendo-se gastado 100.000 florins na parte apoiada sobre os pilares de pedra, e somente 28.000 na que o Conde fez de madeira, lucrou a Companhia o restante do primeiro pagamento, isto é, 112.000 florins.
Constrói Nassau outra ponte, comunicando a ilha de Antônio Vaz com o Continente.
Não se cansou Nassau de ser útil à Companhia, mas, de infatigável atividade, mandou construir, para aumentar os rendimentos da ponte do Beberibe, uma outra no sítio onde se atravessa o Capibaribe, afim de que, num ir e vir contínuo e desembaraçado, transitassem os habitantes do continente para a ilha e desta para o Recife. Construiu-a em seu terreno, por ele comprado à Companhia, e