No texto, Martins Seuarez d'Accognes. Trata-se de Martim Soares Moreno, a cujo nome, talvez por erro de impressão, foi adicionado o sobrenome d'Accognes, de outro chefe da rebelião, Paulo da Cunha. (L. B. R.)O que é água salobra encontravam água salobra, isto é, meio salgada, que eram forçados a beber e lhes trazia diversos incômodos. Em lugar de preparar-se cedo contra a miséria e despedir os seus numerosos escravos, bocas inúteis, que não serviam senão para comer os seus víveres, deixaram-nos ficar entre eles, até que todos, abatidos, iam entregar-se, uns após os outros, aos inimigos, aos quais davam notícia de tudo que ali se praticava.André Vidal, com seus dois mil homens, gloriosos pela derrota infligida às principais forças dos holandeses, foi, segundo a ordem que lhe enviou Hoogstraeten, acampar diante do Cabo Santo Agostinho, de onde, se não houvesse traição, outros teriam retrocedido envergonhados cinco ou seis vezes. Sitiou a praça e intimou o comandante a entregar-lha; mas Hoogstraeten não ousou fazê-lo tão depressa, por três motivos; primeiro, temia que chegasse da Holanda um poderoso socorro que se esperava e, neste caso, teria zombado dos portugueses; em segundo lugar, receava não conseguir manter a chefia e que os soldados o fizessem prisioneiro; terceiro, porque queria tirar dois proveitos de uma só cajadada, render a praça e fazer consumir, fingindo conservá-las, as munições de Recife. Para este efeito, mandou atirar incessantemente às cegas os canhões e mosquetes sobre os inimigos, por espaço de uns doze dias; em seguida, aproveitou a ocasião para mandar alguém pedir pólvora, mechas, chumbo e balas aos Senhores do Conselho, que ele bem sabia não disporem de muito mais, tratando de esgotar o seu armazém. Expediu para o Recife duas barcas cheias de velhos, mulheres e crianças, que tinham vindo abrigar-se ali e aos quais aconselhou que se retirassem para lá, a fim de poupar os víveres. Disse-lhes que não serviam senão para embaraçá-lo nas circunstâncias em que se encontrava, pois carecia apenas de homens aptos a manter guarda e lutar, como ele, com a viva resolução de morrer pelo serviço da sua pátria. Em carta, enviada por intermédio deles aos Senhores do Conselho, suplicava que não o constrangessem, pela falta de socorros, a abandonar uma praça tão importante. Estas duas barcas se detiveram no caminho, ao longo da margem, à procura de frutas, e caíram em poder dos portugueses; estes massacraram todos os que estavam numa delas e deixaram propositadamente escapar a outra para levar as cartas de Hoogstraeten em que pedia munições, as quais, sabiam bem, não iriam prejudicá-los. Com efeito, os Senhores do Conselho lhe enviaram tanto quanto julgaram possível, mas muito menos do que ele esperava.Os navios portugueses que estavam na Baía da Traição, e dos quais se falou, foram vistos velejando em direção ao sul por um navio da Zelândia que cruzava o mar. Este se-guiu-os, abordou o último, despejou-lhe uma descarga de canhão, matou e feriu diversos e já lançara o arpéu para a abordagem quando os outros navios mudaram o rumo para cercá-lo, preferindo então abandonar sua presa, a esperá-los.No mesmo dia, os portugueses surpreenderam uma barca holandesa no porto da Ilha de Itamaracá, a sete léguas do Recife onde tinham entrado do lado de Goiana; afoga-ram todos os que ali estavam prestes a partir e enforcaram dois Judeus, salvando a um ter-ceiro sua vida pela promessa de tornar-se cristão. Fizeram-no batizar e pegar em armas, mas oito dias depois ele escapou e voltou ao Recife, onde retomou seu judaísmo.Os portugueses, zombando dos holandeses, mandaram intimar a Recife, por um arauto, a entregar-se ao Rei de Portugal. O mensageiro foi advertido que por esta vez o perdoavam, mas se ele ou qualquer outro voltasse para dizer a mesma coisa, seria imedia-tamente enforcado.
Batalha naval de Tamandar.éO Tenente-Almirante Lichthart, ao saber que os navios ancorados na Baía da Trai-ção ainda estavam no mar, e tornando-se o vento favorável, reuniu quatro navios, um patacho e um bergantim, seguiu-os e encontrou-os no porto de Tamandaré, em número de dezessete, tanto grandes como pequenos. Fundeou