História das últimas lutas no Brasil entre holandeses e portugueses

Escrito por Moreau, Pierre; Baro, Rouloux e publicado por Ed. Itatiaia. Ed. da Universidade de São Paulo

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Durante esta viagem, dois navios carregados de víveres chegaram da Holanda e depois outros três da Guiné e de Angola, cheios de escravos, o que veio muito a propósito em face da necessidade em que estavam.Logo que os tapuias souberam, do fundo da mata em que habitavam, que os portugueses conflagravam o país, cerca de quinhentos dos mais determinados, comandados pelo alemão Jacó Rabi, que lhes servia de capitão, dirigiram-se rapidamente para Cunhaú, uma boa aldeia da Capitania do Rio Grande, encontraram num domingo de manhã os habitantes reunidos para ouvir a missa, massacraram-nos todos, em número de sessenta a oitenta pessoas, comeram seus cadáveres e pilharam as casas das vizinhanças. Assim que os senhores do Conselho tiveram conhecimento desta incursão fizeram embarcar prontamente oitenta soldados para por termo a essa situação; aqueles, porém, obrigaram-nos a retirar-se para a Paraíba.Os dois embaixadores enviados à Bahia, de volta ao Recife, disseram que tinham sido mal e friamente recebidos; o Vice-Rei lhes respondera que jamais tinha pensado em violar a paz; queria fazê-la observar estritamente do seu lado e muito se espantava da queixa que lhe era dirigida; Camarão e Henrique Dias estavam com tropas na Capitania de Pernambuco mas não ao serviço do Rei de Portugal, seu senhor; ser-lhes-iam enviadas pessoas de autoridade para fazê-los retirar-se e dirigidas cartas aos chefes e principais dos revoltosos para chamá-los ao seu dever; ele, Vice-Rei, oferecia à Companhia tudo aquilo que dependesse do seu poder.Hoogstraeten, um dos deputados, era major do Cabo de Santo Agostinho e quando da sua viagem à Bahia procurou entender-se numa conferência secreta com o Vice-Rei e o Bispo da Bahia, à revelia de seu companheiro, e prometeu-lhes entregar a praça que comandava, segundo se verá. Temia ser acusado um dia e condenado, mas, sonhando com a sua segurança e em conservar-se no posto para sempre, acontecesse o que acontecesse, foi ele próprio declarar ao Conselho que o Vice-Rei e o Bispo lhe haviam solicitado, em particular vender-lhes a praça que tinha a honra de comandar; também lhe tinham oferecido grandes somas e belos cargos, mas, sabendo-os tão ousados a ponto de tentar corromper sua fidelidade, a fim de melhor armar-lhes o laço e puni-los pela sua perfídia, prometera-lhes, realmente, entregar-lhes o Cabo; se fossem tão tolos ao ponto de se aproximarem, ali os esperaria e sabia de um meio que não deixaria escapar jamais um só deles. O que contara, acrescentou, não era para ostentar que exerceria melhor comando, pois preferia mil vezes a morte à suspeita da menor deslealdade, e poderiam colocar outro em seu lugar. Os Senhores admiraram a sua astúcia, confirmaram-no no cargo e, além disso, promoveram-no de cabo a um posto superior, comandante em vez de major, com a promessa de que, se bem cumprisse o seu dever, seu mérito seria dignamente reconhecido. No dia seguinte, como chegasse um navio da Holanda carregado de víveres e de soldados recrutados, mandaram van der Voorde partir para a Holanda, num dos quatro navios que o vento impelira para o Rio Grande.O general Haus continuava a agir no campo, procurando os inimigos para batê-los, e soube que estes aí tinham matado uma dúzia de soldados, holandeses e brasileiros, que procuravam farinha de mandioca, e estavam entrincheirados na montanha chamada Santo Antônio, também conhecida como Montanha Camarão. Assaltou-os aí vigorosamente, sem conseguir desalojá-los e foi forçado a retirar-se com a perda de cem soldados e do Capitão van Loo, um dos seus homens mais valorosos. Este revés fê-lo voltar à Várzea.

Chegada de uma frota portuguesa comandada por D. Salvador CorrêaOs habitantes do Recife, cuidando de sua defesa, fortificaram a Cidade Maurícia com bons baluartes e muralhas, diminuíram sua extensão de duas partes, demoliram as casas que compunham belas ruas fora dos limites que tinham traçado, cortaram as belas e