o seu nome. Tomavam suas deliberações em Haia, onde todos residiam, faziam-se obedecer de modo absoluto por todas as câmaras, ordenavam-lhes em nome da companhia fretar e fazer ao mar navios, recrutar soldados segundo sua necessidade, ordenar a partida das frotas; mandavam visitar os navios carregados vindos das Índias, examinar as mercadorias de que estavam cheios, distribuíam as somas provenientes da referida venda a cada câmara e em proporção dos fundos possuídos. Seus administradores dividiam também pelos particulares e participantes o lucro obtido, proporcionalmente às quantias fornecidas, deduzindo previamente os impostos e despesas públicas, assim como os ordenados pagos e a pagar àqueles que estavam ao seu serviço.Esta era a ordem obedecida nesta Companhia: seus homens de guerra eram embarcados de um dia para outro para o Brasil, batiam seus inimigos, tomavam as praças fortes, tornavam seus tributários os habitantes do campo que vinham submeter-se à sua mercê e mantinham-nos no gozo de seus bens.
Conselho dos Dezenove. Quais eram as funções e poderes desses Dezenove. Duas jurisdições estabelecidas no Recife.E porque os oficiais das praças começassem a achar que era muito trabalho, os Dezenove, que tinham o tratamento de Excelência, criaram um Alto Conselho, chamado dos Políticos, cujos membros eram, na sua maior parte, mais bem versados na ciência mercantil do que na das letras. Seguiram para o Recife a fim de governar o povo e o país e distribuir soberanamente justiça; após um período de seis anos eram chamados de volta e substituídos por outros. Estes Políticos comissionavam um deles com o título de Diretor em cada praça ou capitania conquistada, o qual conhecia de todas as apelações emanadas de Juizes inferiores e, privativamente, em primeira instância, de tudo que dissesse respeito à Companhia e às fraudes que se praticassem por ocasião da percepção dos seus direitos, de todos os crimes, roubos, assaltos e assassinatos. De seus julgamentos cabia apelação para os políticos, que estabeleceram duas outras jurisdições em Recife: uma dos juizes comissários, alternativos e escolhidos entre os burgueses, outra dos Escabinos, cujas sentenças em apelação ou em primeira instância, no cível, eram executadas por provisão e mediante caução, desde que inferiores a 3.000 libras. Tinham um advogado e um procurador fiscal, que acusavam e apresentavam denúncia em geral. Os conselhos de guerra, em campanha, e da marinha no mar, eram soberanos; mas para os realizados no Recife, eram convocados todos os Políticos.
Política judiciosa dos holandesesOs limites das conquistas holandesas aumentavam a olhos vistos pelo valor de seus soldados, assim como o comércio e o tráfego, e isto obrigou ainda os Dezenove a instituírem um outro Conselho de Estado e colégio soberano, ao qual submeteram o dos Políticos, aos quais só deixaram a função de distribuir justiça em última instância (e o privilégio de serem diretores). Quando era proferida alguma sentença de morte, antes da execução, o caso era apresentado ao grande Conselho, que poderia exercer o direito de graça ou moderar a pena do condenado, conforme lhe parecesse. Então, a nossa milícia holandesa, encorajada pelas suas vitórias e pela presa que conseguia, tornou-se de tal modo temível que vinte deles não se arreceavam de atacar cem dos inimigos. O Rei da Espanha e seu Vice-Rei, justamente alarmados com uma desgraça tão surpreendente, armavam-se de todos os lados para garantir o país do Brasil. Os holandeses, avisados disso, para garantir as afeições e a amizade de todos os brasilianos e tapuias que os portugueses escravizavam, tornaram pública a proibição de retê-los ou cativá-los, sob pena de morte, com exceção dos negros da África, dos mulatos procriados da mistura de português e negra, dos mamelucos, que nascem de português e brasiliana. Estes selvagens, criados na indolência, apreciando acima de tudo a vida ociosa e não tendo outro cuidado senão beber e comer, não se mostraram ingratos em face deste rico presente de sua liberdade restituída, pois anteriormente não podiam viver em segurança, refugiavam-se