O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 152


concedeu o tolerante Conde o cultuamento do Sábado, e fez saber que os cristãos das duas confissões tinham de guardar o Domingo, como dia do Senhor. Quanto ao mais, manteve o Statthalter o ponto de vista de que, em Pernambuco, cada um tratasse de sua salvação a seu aprazimento 1. Como crente protestante, porém João Maurício julgou ser também de seu dever dar o seu apoio à Missão protestante, prestando-lhe sobretudo auxílio no estabelecimento de escolas. Que fossem, depois, tão mesquinhos os resultados da atuação desta Missão, não cabe ao príncipe a culpa.Ao édito de tolerância para os católicos e judeus seguiram-se medidas tendentes a debelar a corrupção de costumes que lavrava na Colônia. Quando se evidenciou dos relatos, que grande parte dos funcionários civis e militares vivia em concubinato com Portuguesas e mulheres de cor, quando o Conde se convenceu de que a ríspida oposição confessional impossibilitava os casamentos entre protestantes e católicos, entre judeus e cristãos, introduziu em Pernambuco as leis reguladores do matrimônio em vigor na Holanda, tornando-as também extensivas aos Portugueses e Aborígenes.Discutia-se então com os senhores do Conselho a acalorada questão do aprovisionamento dos víveres. Para obviar a mais fraudes e descaminhos, foi resolvido intensificar a fiscalização dos armazéns, nomear novos intendentes e regularizar a distribuição, de modo que cada um recebesse a sua ração na exata proporção de seu posto e dignidade. Por esse meio esperava João Maurício, enquanto a terra não pudesse suprir por si só as necessidades, arranjar-se com as remessas de gêneros, que vinham da mãe pátria. Mais tarde melhor nos aperceberemos da importância e efeitos salutares dessas medidas.


  1. Nota 145: Fabius, p. 39.