O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 150


formavam, em Pernambuco, a parte principal do exército combatente da W. I. C. Entre eles eram raridades, - sem exclusão da Oficialidade - homens de reputação ilibada ou limpa folha corrida. Os mais deles tinham qualquer culpa no cartório, e haviam procurado o Brasil ou para se livrarem das incômodas investigações do Santo Ofício, ou em busca de fortuna, como aventureiros, na esperança de lá adquirirem, da noite para o dia, riqueza e posição. Somente por meio de uma disciplina férrea e castigos draconianos poder-se-ia manter coesa essa gentalha desenfreada e submetê-la à vontade de um Chefe Supremo.E que dizer do pessoal administrativo no Recife. Também entre este começaram a manifestar-se sintomas de uma corrupção de rápido desenvolvimento, que cumpria combater pronta e energicamente. Em uma "Representação", que Artichofsky em Março de 1637 entregou ao Statthalter, dirigiu o fildalgo polonês as mais acerbas invetivas contra os conselhos políticos e os intendentes dos armazéns. É certo que não se deve tomar em demasiada conta esses ataques, porquanto o Polonês, de temperamento ardente e em extremo suscetível, não tinha papas na língua e a torto e a direito se desabafava contra as autoridades civis holandesas, as quais, por seu turno retribuíam tais sentimentos com igual cordura. Mas, incontestavelmente alguns tiros aceitavam no alvo. Não havia, por exemplo, exagero quando Artichofsky lançava em rosto aos funcionários encarregados da administração dos mantimentos de boca e munições bélicas o grande desleixo da escrituração dos livros, a falta de habilitações para os cargos e espírito de ganância, ou, ainda, quando acusava a diversos de haverem ilicitamente se apropriado de meios para uma existência folgada 1.


  1. Nota 142: Cópia do Memorial na pasta W. I. C. O. C. Nr. 46. Reproduzido: Kroniek, 1869, 25.º ano, p. 255 segs.