O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 149


de "com o menor gasto possível ganhar o mais possível". Ninguém queria "sacar letras sobre o futuro" 1.Teve assim o Statthalter de contentar-se com o êxito de sua primeira expedição. Havia estendido a Colônia até o Rio São Francisco e mostrado ao adversário que agora, no Recife, se achava no leme um homem de ação. Com satisfação escrevia o Alto Conselho aos dirigentes da W. I. C, a 6 de Maio: "Belos frutos têm produzido o envio do virtuoso, experimentado, erudito e bravo Conde, que pode com razão dizer de si: veni, vidi, vici. Que Deus o proteja e abençoe a sua obra"Depois de sua volta para o Recife, João Maurício tratou de estabelecer sobre bases sólidas a administração da Nova Holanda, ainda em seus primeiros passos. O governo frouxo do Conselho Político, a permanente tensão de relações entre as autoridades civis e as militares, bem como a discórdia reinante entre os funcionários administrativos, em conexão com a situação política, de aspecto verdadeiramente ameaçador até o fim de 1636, - tudo isso criou um estado de coisas, no Recife, a zombar de toda e qualquer descrição. Cada um fazia o que bem lhe aprazia: ordem e disciplina eram termos estranhos; uma espantosa corrupção de costumes fazia-se sentir, particularmente nas tropas. Furto, roubo, assassínios e homicídios, embriaguez e excessos desordenados com mulheres faziam parte da ordem do dia. Barlaeus nos refere que o ditame: "Além do Equador não existe pecado", era no Brasil de então a sentença que andava na boca de todos. "Como se a Linha que divide o globo terráquio em dois hemisférios também separasse a virtude do vício" 2. Alemães, Franceses, Ingleses, Irlandeses e Neerlandeses


  1. Nota 140: Fabius, p.37.

  2. Nota 141: Barlaeus, p. 79 e seg.