O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 135


obriga os habitantes a lhe fornecerem informações, e se os infelizes não querem dar esclarecimentos ameaça-os de tortura e morte. Quando os lerdos perseguidores holandeses se aproximam, desaparecem as hordas na espessura da mata sem deixar vestígios. Eles conhecem perfeitamente as nossas fraquezas e sabem que não podemos carregar às costas provisões para mais de oito dias. A funesta escassez de provisões de boca está sempre a nos impedir o desferir golpes decisivos contra os saqueadores". 1 Desgraçados, os Holandeses que como transviados, feridos ou prisioneiros caíam nas mãos desse inimigo! Eram mortos a pancadas e não raro lentamente martirizados até morrerem. Mas por sua vez as forças de Schkopp e Artichofsky usavam de processo sumário para com os incendiádos. Assim, as guerrilhas de emboscada eram de parte a parte realizadas com terrível crueldade, e assim não terão seguramente sido destituídas de fundamento as queixas levantadas sobre as barbaridades holandesas por Calado, Brito Freyre, Raphael de Jesus e Robert Southey que lhes serviu de eco. Todavia "Audiatur et altera pars"! O que os cronistas portugueses nos contam dos vergonhosos crimes dos Holandeses, fontes holandesas referem em relação aos excessos cometidos pelas hordas de Bagnuolo. Quanto mais gravemente, porém, estas lutas afligiam a "Nova Holanda", tanto mais claro se tornava, aos dirigentes no Recife, que este estado de coisas não podia continuar. A W. I. C. precisava cuidar da colônia conquistada de modo muito diferente do adotado até então; de fazer sacrifícios de dinheiro, de realizar reformas na administração, no exército e no comissariado; se não quisesse ver a grande Empresa brasileira resultar


  1. Nota 117: Artichofsky ao Cons. dos XIX, 13 Junho 1636.