O Domínio colonial hollandez no Brasil

Escrito por Watjen, Hermann e publicado por Companhia Editora Nacional

Página 120


emigrados de Olinda. Depois de uma marcha forçada sob chuva torrencial, da travessia de ínvios montes e rios cheios, foi Igarassu alcançada, sem que o adversário disso se apercebesse. Celebrava-se na cidade justamente uma festividade religiosa, quando de repente ressoou o grito de terror: os Holandeses! os Holandeses!Debalde ofereceu parte da população civil uma brava resistência; foi impossível evitar a desgraça. Temendo Waerdenburch os excessos de suas tropas ordenou que fossem vazados todos os barris de vinho apreendidos e que todas as mulheres se recolhessem à igreja Matriz, em torno da qual foi postado um cordão militar. Só depois disso foi a cidade entregue ao saqueb 1. Se Calado, Brito Freyre, Raphael Jesus e Santa Teresa increpam aos Holandeses o haverem desonrado as mulheres casadas e solteiras de Igarassu e cometido excessos brutais, a exposição de Waerdenburch contradiz estas afirmações do modo mais categórico. Também segundo o parecer de Varnhagen, nem sempre imparcial em seus juízos, somente o Relatório do Chefe holandês deve ser tomado em consideração como fonte fidedigna, para o conhecimento do ocorrido 2.Por água e por terra, ao Norte e ao Sul de Pernambuco começaram os Holandeses a tentar as suas investidas de surpresa. A sagacidade de Calabar lhes prestou nessa emergência serviços inestimáveis. Ele ideou planos contra aldeias, fazendas e plantações de canas, e com incansável zelo instruiu oficiais e soldados na arte de guerrilhar. Os Portugueses ficaram sobre excitados ao notarem com que perícia o adversário


  1. Nota 93: O Cons. Polit. à Câmara da Zeelândia, 8 de Maio; Waerdenburch ao Cons. Dos XIX, 9 Maio 1632.

  2. Nota 94: Varnhagen, p. 90.