dedos. Sua cor é branca, brilhante como o vidro, e marchetada de anéis e linhas elegantes, da cor parda ou bronzeada. Os olhos são pequenos e quase imperceptíveis; aderem à pele como se fosse um ponto, feito por agulha; não longe da extremidade da cauda, acha-se o ânus, como as demais serpentes.Dizem os portugueses que não há remédio contra o veneno desta serpente; vive debaixo da terra e é encontrada, quando se faz escavação; alimenta-se de formigas.Plinio (lib VIII, Nat. Hist. cap. XXIII) diz que é uma dupla cabeça de amfibena e lança de si o veneno pela cabeça e pela cauda, como se fosse pouco lançá-lo pela boca. Nota. Duvido se é a mesma serpente a que descremos, no fib. xv, cap. VI, Américas - com o título de Ibiracuá. Seu veneno é tão violento que o homem mordido por ela logo lança sangue dos olhos, dos ouvidos, do nariz, da garganta e partes inferiores, em tão grande quantidade que morre se não for socorrido.CAPÍTULO XIV Jbiboboca. Boicininga. Curucucû. Boitiapô. Serpentes.
IBIBOBOCA (termo indígena). Cobra de Coral (termo português). Serpente de dois pés de comprimento e da grossura de um polegar humano, onde esta é maior, porque na parte posterior é fina, à semelhança de uma sovela. O ventre é branco, luzente, o dorso e os lados são de cor; a cabeça é coberta de escamas brancas, cúbicas, pretas na extremidade; vem em seguida uma mancha cinábria, cujas escamas são pretas, na extremidade; e assim vem sempre uma mancha vermelha, logo uma preta, em seguida uma branca, novamente uma preta, depois uma vermelha e assim por diante. A mancha vermelha mede mais de um dedo de comprimento; as duas brancas e as três pretas juntas medem dedo e meio de comprimento e são iguais entre si; as manchas pretas são tais, em toda sua extensão; as brancas porém, têm as extremidades pretas. Esta cobra é venenosa. Nota. Lib. XV cap. VI. Americae nostrae, descrevi assim esta serpente conforme um autor português. Ê uma cobra belíssima com a cabeça e o corpo inteiramente marchetado de preto, vermelho e branco; é a mais venenosa de todas as cobras, mas move-se muito vagarosamente.BOICININGA e BOICINININGA Boitinga também Boiquira (termo indígena) Ayug (termo dos tapuias). Casca vela (termo português) Kaetel-slange (termo belga). Serpente do comprimento de quatro pés e três dedos, tendo no meio uma grossura maior que se vai estreitando em direção às extremidades esta maior grossura é igual à do braço humano, perto do cotovelo O ventre é liso; a cabeça, achatada de comprimento e da largura de dedo e meio; os olhos são pequenos; a língua fina e bifurcada. Entre os dentes, quatro são mais longos, falcados, brancos, agudos, que podem ser retrocedidos e ocultados na gengiva. Na pele encontram-se escamas, colocadas em ordem; grossas as escamas dorsais tem suas proeminências, quase como as dos crocodilos, porém não tão duras. O dorso é marcado com uma cadeia amarela clara, formada de anéis cúbicos com fímbrias pretas; no espaço intermédio entre os anéis aparece a cor escura. Os lados do corpo amarelados são sarapintados de uns cubos pretos, colocados em ordem; isto é, uma dupla série de cubos pretos de cada lado, e a cada ângulo do anel da cadeia dorsal corresponde um cubo lateral de uma série; o outro corresponde à série do seguinte com uma intercessão de dois anéis da cadeia dorsal.O ventre possui escamas um pouco maiores do que as outras, de forma de quase um pa ralelogramo, e de cor amarela pálida. À cauda se acha anexo na extremidade, um corpo de forma de paralelogramo, um tanto achatado formado de anéis, unidos de maneira tão curiosa, que produz um som semelhante ao címbalo e pode ser ouvido de longe.Quantos anos tem a serpente, outras tantas partes tem este chocalho. A serpente de dez anos tem um chocalho de dois dedos de comprimento ou um pouco mais, e de largura, um pouco mais de meio dedo.