só seis meses. Nega Scaligero, in Comm. pag. 635. Scaligero admite que as caudas quando arrancadas, renascem; mas com Plinio só o admito, quando são cortadas em parte. Arrancada totalmente não renasce; mas observei que renasce, quando amputada em parte.TARAGUIRA (termo indígena). Lagarto, que vive perto das casas, acha-se em grande quantidade, nos jardins. Mede de comprimento um pé (encontram-se também menores); seu corpo é redondo, coberto de escaminhas triangulares cinzentas, Debaixo do queixo, não tem papo; o dorso é uniforme; movem a cabeça rapidissimamente, quando vêem alguma coisa e correm apressadamente, agitando o corpo. Se vêem um homem dormindo e dele se aproxima uma serpente ou outro animal venenoso, desperta-o para que não seja ofendido. Quando quer copular, o macho toca a cabeça da fêmea com uma leve dentada; logo depois se inclina para o lado e a fêmea, levantando a própria cauda, recebe o macho que abraça o corpo por detrás com os pés. Consulte-se Scaligero in Comm. ad. Hist. Animal pág. 204, onde trata do lagarto de idêntica natureza.AMERICIMA (termo indígena). Pequeno lagarto do comprimento de três dedos, medindo, na maior grossura, uma pena de cisne; nas pernas, pés e no número de dedos se assemelha ao Senembí. Os olhos são pretos; o corpo parece quase quadrado; o dorso é coberto de escaminhas cinzentas; OS lados, cabeça e pernas, de escaminhas fuscas; a cauda, de cerúleas. Todas são lustrosas e lisas ao ta to; os dedos dos pés são semelhantes às cerdas dos porcos.* Este animal, como afirmam os portugueses, é venenoso e sedento de sangue humano, principalmente das senhoras grávidas. Dizem que nunca mais concebe a senhora, se é tocada imediatamente, ou somente sobre as vestes por este lagarto.CARAPOPEBA (termo indígena). Lagartozinho do comprimento de três, ou cinco dedos, venenoso. Na figura é semelhante aos demais; tem quatro pernas e pés; nos anteriores acham-se cinco dedos; nos posteriores, quatro. O corpo é de cor hepática com umas pequenas manchas brancas; na cauda, porém, acham-se umas pequenas linhas brancas, havendo daqui e dali uma mescla de amarelo; os olhos são lustrosos e quase vítreos.AMEIVA (termo dos indígenas, também dos tupinambás). Outra espécie de lagarto, em tudo semelhante à taraguira acima descrita, com exceção de que a cauda é bifurcada, isto é, terminada em duas pontas.TARAGUICO AYCURABA (termo indígena). Espécie de taraguira, semelhante à antecedente, com exceção de que a cauda, desde o início, tem pequenas escamas triangulares. A extremidade da cauda é coberta de escamas chatas e de quatro manchas fuscas; o dorso e principalmente a parte logo atrás da cabeça é salpicada de várias manchas fuscas:TEIUNHANA (termo indígena). Lagartinho da grossura do dedo mínimo; com a cabeça pontuda como o senembí, de olhos pretos e pupila áurea; suas pernas se assemelham às do senembí. O comprimento dele até às pernas posteriores é de três dedos; o comprimento da cauda, de seis dedos e meio. É esta cauda redonda e .pontuda na extremidade, à semelhança de uma agulhinha; a cabecinha é coberta de uma pele escamosa; o dorso, lados e parte superior das pernas são cobertos de uma pele branda ao tato, à semelhança da seda, a cauda, porém, consta de umas escamas mínimas. A garganta, e baixo ventre também são cobertos de escamas quadradas, maiores; a concha da cabeça é de cor fusca; o dorso e parte superior dos lados são fuscos ou antes mesclados com três linhas de cor da sombra não carregada e com umas ondulações. A parte inferior dos lados é verde; a superior é cortada, no sentido longitudinal, da cabeça às pernas posteriores, por uma linha verde, no meio do fusco; além disso acha-se uma linha verde, onde o fusco e o verde se separam. Entre as duas linhas, porém, acha-se uma série de pontos verdes, no meio do fusco e, debaixo da parte inferior da linha verde, há uma série de pontos verdes, no meio do fusco. As pernas, nos lados superiores, são de cor amarela carregado ou de cera antiga, marchetada de umas pequenas manchas fuscas; nos lados inferiores são brancas. A cauda, na parte superior, é da cor de cera antiga; na parte inferior, tem uma mescla de branco. A parte inferior da cabeça, a garganta e o baixo ventre são de cor branca, marchetada de umas manchas sangüíneas. A língua é bifurcada.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado