História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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notavelmente branca com cabelos de dois dedos e mais de comprimento, como se tivessem sido penteados. Quando esta espécie se enfurece, abrindo a boca e movendo as mandíbulas, com rapidez, assalta o homem. Estes macacos pulam de um modo notável; comem vários frutos, mas gostam sobretudo do Paco. Outra espécie de macaco de Guiné. Iguala em tamanho ao precedente. A cor dos cabelos, na maior parte do corpo, é um tanto preta com mescla de sombra; no ventre, é de azulado cinzento; a metade ulterior da cauda é mesclada de amarelo e vermelho; a boca, azulada. Em uma e outra maxila, acha-se grande quantidade de longos fios de um amarelado claro (como a grande barba do bode); bem assim, junto de uma e outra orelha. Brinca e grita como o outro. Outra espécie de macaco de Guiné. É menor do que o precedente; tem cabelos mesclados de grisalho, fusco e amarelo; quase como no dorso da lebre; a cabeça é pequena; a cauda, longa; não tem barba.CAPÍTULO VI Coati. Tapijerete. Vários ratos. COATI (termo indígena). É uma raposa, do tamanho de um cachorro com pernas curtas e braços como os do macaco de rabo comprido; com efeito à semelhança deste sobem rapidamente às árvores e correm até à extremidade dos ramos. Vivem de frutas e gostam muito de ovos de galinhas. Os pés posteriores são maiores do que os anteriores e em cada pé se encontram cinco dedos com unhas agu díssimas; a cabeça é vulpina e alongada; os ouvidos curtos, arredondados como os do gato. A parte inferior da boca é mais curta do que a superior; o focinho é longo, pontudo; as narinas, amplas como se fossem fissuras; os olhos, pretos; os pêlos do corpo são longos e de cor de ocre escura. A cauda é mais longa do que o tronco e permanece levantada, mas é um pouco curva com uns anéis de uma cor ocre escura. Quando come, como os cães, segura o alimento com as pernas anteriores.Encontram-se muitos coatís de uma cor parda carregada ou amarela no interior e, escura no exterior e de cor amarelada debaixo da garganta e do peito. Esta espécie chama-se na língua dos indígenas Coatimondi. Nota. Possuí uma ocasião um desses animais, conservado num lugar fechado muito domes ticado e meu amigo, de sorte que costumava atingir minha boca e dela tomar o alimento. Começou, porém, a roer a própria cauda, de sorte que não pode mais abster-se dela; chegou então a consumi-la totalmente e veio a morrer em conseqüência disso. Este vício é observado também nos macacos.