à lebre; sendo, porém um pouco mais escura; as orelhas são grandes como os nossos coelhinhos; na fronte a cor é avermelhada; debaixo da garganta, domina um pouco a cor clara e há um círculo branco à roda do pescoço; uns também não o possuem e somente, debaixo da garganta, peito e ventre há um pouco de branco; não há cauda; a barba é semelhante às de nossos coelhinhos; os olhos são pretos; a carne serve para se comer.CAVIA COBAYA (termo indígena). Espécie de coelhinho, com a pele diversicolor igual em tamanho aos nossos coelhinhos novos; sua cabeça é muito semelhante à do arganaz; os olhos são pretos; as orelhas, arredondadas; a boca, semelhante à do Aguti; as pernas são mais curtas; os pés têm quatro dedos. Seus cabelos são moles e a pele é marchetada de várias manchas brancas, pretas e vermelhas; domesticam-se de maneira que chegam a pedir o alimento grunhindo. Sua carne serve para se comer. A palavra Cavia dos indígenas aplica-se a todos os ratos silvestres, Ratos do mato, como dizem os portugueses. Nota. Gesner faz menção deste animal e traz uma imagem não diversa da nossa. Coelhinho Índico, diz, há poucos anos trazido à Europa do Norte; agora se acha espalhado em grande quantidade, por toda a parte; é um animal muito fecundo, porquanto num só parto nascem oito ou mais. No tamanho quase igual ao nosso coelhinho, algumas vezes é um pouco menor e tem o corpo mais curto. As pernas são curtas; os dedos anteriores são seis; cinco os posteriores; os dentes são como os do rato. De cauda não existe vestígio algum.P A c A (termo indígena). Espécie de coelho, do tamanho de um porquinho com o corpo pingue e grosso, do comprimento de cerca de dez dedos, com a cabeça grossa, à semelhança dos coelhos, e orelhas nuas, um pouco agudas. As narinas são amplas; a parte inferior da boca é mais breve do que a superior; tem uma fenda, como a lebre, mas não uma fissura, uma barba longa felina ou leporina, e há também cabelos deste gênero atrás dos olhos, junto aos ouvidos. As pernas dianteiras são um pouco mais curtas do que as traseiras; nos pés há quatro dedos. A cauda é muito curta como o Aguti; os cabelos do corpo são sombrios, curtos e duros. Dos lados, no sentido longitudinal, acham-se manchas cinzentas; no ventre, domina o branco. Não seguram o alimento com os pés, como o Aguti, mas devora-o no chão, como o porco, e como este costuma grunhir. Possui carne excelente e pingue de sorte que, quando é assada, dispensa o toucinho; por isso, os portugueses consideram-no, nas suas caçadas, como Caça real. São captu rados com o auxílio de cães. Assinalado pelo cão o esconderijo do animal, o caçador cava do outro lado interceptando a passagem do coelhinho, e, finalmente, no lugar em que julga achar-se o mesmo, enfia uma longa faca de maneira a transpassar o animal oculto debaixo da terra; mas se sair, não há esperança de apanhá-lo; morde com força; contudo é possível apanhá-los vivos.AGUTI OU ACUTI (termo indígena); vulgarmente chama-se Cotia. Outra espécie de coelho, do tamanho dos nossos, tendo o pêlo mesclado de vermelho e pardo, com um quê de preto. Os cabelos são grossos e lustrosos como nos porcos novos; no ventre, são mais amarelados; tem orelhas redondas, mas não como os nossos; a barba, e a cabeça, porém, são como os nossos. A mandíbula inferior é mais curta do que a superior, como se dá com os porcos; o lábio superior é fendido como o da lebre; a boca é mais aguda do que a de nossos coelhos. As pernas anteriores menores possuem quatro dedos; as posteriores são mais longas e possuem seis dedos. Anda com os pés estendidos diretamente para a frente; não se arrasta; as unhas são agudas; as pernas são lisas, quase sem cabelos.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado