forma de escudo, maiores do que o imperial, menores, porém, no dorso. A matéria das es camas é branca, brilhante como madrepérola; são porém, colocadas estreitamente entre si, de sorte que formam grupos de quatro ou cinco, e, em cada uma, uma parte sobressai à que lhe está unida com a figura de uma lua dividida, coberta de argento (na verdade representa a prata) e apresenta daqui e dali uns regatos argênteos correndo, num campo argênteo; desta maneira este peixe parece revestido de prata, com exceção do dorso, que é azul com um certo brilho de prata. As nadadeiras são argênteas com exceção da dorsal que tem a mesma cor do dorso. Sua carne é rebelde, de sorte que é necessário cozinhá-la muito tempo. Na carne se encontram muitas espinhas, mas bem grossas de sorte que facilmente podem ser tiradas quando é comida. Mais me delicio em vê-lo do que em comê-lo; comi muitas vezes sua carne, mas é viscosa e só serve para um faminto. A parte superior da boca tem ossos cuja dureza iguala a de algum animal.PIRATIA PUA (termo indígena). Este peixe chega a ter um grande tamanho, como o Capuripima. A mandíbula inferior é um pouco mais longa que a superior; os dentes da mandíbula inferior são agudos; quanto aos da mandíbula superior, são agudos somente os do meio, que são mais longos; a boca pode ser aberta amplamente formando um orifício redondo. Seus olhos não são tão amplos, como exige o tamanho do corpo e são dotados de uma pupila cristalina; suas guelras são amplas, duras ou armadas. O corpo é alongado; o dorso, um pouco curvo, na vizinhança da cabeça e o ventre mediocremente amplo. Suas nadadeiras são sete, a saber: uma que se estende do alto do dorso (começando perto do início da cabeça) do princípio da cauda, guarnecida de espinhas, na metade anterior; mole, sem espinhas, na parte posterior; no mais, mais estreito, na parte anterior mais larga e mais unida, na parte posterior, onde se torna circular, na extremidade; atrás das guelras, de cada lado, uma larga e circular, na extremidade, quadrada, quanto às outras partes; debaixo destas, no baixo ventre, duas vizinhas alongadas, não largas, sustentadas por espinhas firmes; junto ao ânus, uma bem ampla, com uma franja circular, na extremidade como a dorsal. O corpo se estende na parte posterior em figura quadrada e contém a sétima nadadeira, que é ampla e de figura quase quadrada. Este peixe é coberto de pequenas escamas, de sorte que parece liso, mesmo quando tocados em sentido contrário. Sua cor é hepática de um áureo escuro, tornando-se a cor mais escura, no dorso e alto da cabeça. A esta cor se acham sobrepostos umas riscaduras de cor cinzenta, formando a figura de uma rede. As nadadeiras são da mesma cor do corpo; as laterais, porém têm umas franjas áureas; as outras têm-nas hepáticas. Sua carne é apreciada, quando ele é novo, isto é, quando tem de peso seis, sete ou oito quilos; assado é melhor do que cozido, porque é pingue; quando está mais velho, isto é, quando o peso é de duzentos ou mais, só serve para os carregadores. Nem sua carne é mais delicada que a do Camarupim asu, isto é, viscosa, pegajosa e de difícil cordura. É apanhado no mar.IPERUQUIBA e PIRAQUIBA (termos indígenas). Piexe pogador e Piexe piolho (em português). Suyger (termo usado entre os nossos) porque se agarra aos Tubarões. Tem este peixe dezoito dedos de comprimento, quase redondo, quatro dedos de largura, onde esta é maior, afinando-se na parte posterior. Sua boca é triangular, sendo a parte superior mais breve do que a inferior. A parte superior da cabeça até o dorso mede dois dedos de comprimento, plana ao redor com a figura do palato de algum peixe, tendo umas estrias transversais; nesta parte adere, ao ventre do Tubarão e é apanhado juntamente com este. Seus olhos são pequenos, amarelos com a pupila preta e um semicírculo amarelo; não possui dentes, mas muitas protuberâncias mínimas. Atrás das guelras, de um e outro lado, encontra-se uma nadadeira triangular, do comprimento de dois dedos e meio; por baixo no ventre, há duas outras unidas; do meio do corpo até à cauda, se estende também uma nadadeira estreita, do comprimento de dedo e meio. A pele de todo corpo é cinzenta.
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado