apresenta um núcleo do tamanho e formato da noz da aveleira; este fruto é coberto por uma cutícula preta, membranosa, com uma escassa polpa lútea, na sua metade; tem o cheiro de ervilhas socadas. Este núcleo é constituído por uma polpa flexível, como chifre amolecido, que cede aos dentes; não tem sabor pronunciado; tem a cor da água; é comestível. Estas silíquas caem, quando maduras e são colhidas.Esta árvore produz um óleo ou bálsamo limpidíssimo, com a consistência e sabor do óleo distilado de terebintina; extrai-se este bálsamo da seguinte maneira: junto ao caule da árvore, fura-se até à medula com uma broca e aplica-se um vaso, no espaço de uma hora, obtem-se cerca de quatro cântaros de óleo. Não se querendo extrair tudo de uma vez, tampa-se o buraco com uma rolha até o pôr-do-sol; abre-se então e certamente emanará o óleo. Um pouco deste óleo quente, aplicado com filamentos à ferida recente estanca o sangue e com rapidez cura. É muito bom para os nervos; também três ou quatro gotas tomadas em ovo quente, duas ou três vezes pela manhã, estancam e curam desinteria ou outros fluxos ventrais. É quente e seco, no segundo grau. IBIXUMA (termo indígena). Motamba (termo angolês). Árvore semelhante à nossa cerejeira silvestre, tendo folhas quase semelhantes às desta, belamente dentadas na orla, e uma casca fusca cinzenta. Junto de cada folha ou de seu pedículo, nasce um outro pedículo, contendo flósculos pequenos, compostos de cinco folhas amarelas, voltadas para cima, como se fossem quatro ases unidos; no meio, se acham numerosos estames amarelos; estas flores formam uma umbela. Dá esta árvore um fruto orbicular, do tamanho de uma bola de jogo, a princípio verde, marchetado de uns tubérculos fuscos. Quando não se acha maduro, contém, uma matéria flexível como o visgo; quando maduro, torna-se preto e se reparte em cinco partes iguais; contém se mentes fuscas, encerradas em células, do tamanho da semente da mostarda; de figura redonda oblonga. A casca desta árvore é glutinosa; tirada a pele exterior fusca, é usada fresca ou seca; serve de ótimo sabão, tendo os mesmos usos que o sabão espanhol. É melhor do que o fruto-sabão porque este estraga a roupa pela violência; esta casca, porém, não prejudica. Nasce em abundância, em toda a parte doBrasil. COAPOIBA (termo indígena). Pao Gamelo (em português). Existem algumas espécies desta árvore (o autor descreve duas). A primeira espécie cresce, tendo a figura e altura da faia, com uma casca cinzenta com mescla de fusco, como o pano ondulado. Esta árvore tem folhas sólidas, oblongas, verdes claras, na parte inferior, e verdes carregadas, lustrosas, na superior; estas folhas têm um nervo saliente, no sentido longitudinal, mas não veias conspícuas transversais;
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado