História natural do Brasil.

Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado

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o pedículo da folha ferido segrega, um pouco de leite. Esta espécie produz flores, do tamanho da rosa (cada qual fixada a seu pedículo), compostas de cinco folhas brancas-rosácéas com umas unhas suavemente vermelhas e um umbigo central, constituído por um glóbulo resinoso, amarelo, do tamanho de uma ervilha. Aquele leite ou resina é claro como a terebentina, glutinoso, amarelo, de suave aroma; a flor é rodeada de muitos estames vermelhos, que se unem fortemente. Depois da flor, vem o fruto, encerrado numa cápsula como a bolota; este fruto verde, cortado no sentido longitudinal, apresenta muitas séries de sementes, do tamanho e formato das sementes da maçã, colocadas transversalmente em todo o comprimento; cada semente se acha encerrada em sua própria película vermelha, envolvida por sua vez noutra da cor do mínio; a polpa do fruto é amarela; segrega um suco amarelo; é de agradável aspecto. A madeira desta árvore facilmente pode ser cortada; a casca grossa se separa espontaneamente da madeira, a qual contém uma medula mole, que facilmente pode ser tirada, ficando o tronco como uma taquara (fístula). Outra espécie. É uma árvore grande, de casca griséia, que se expande em amplos ramos; dá folhas que formam copa; são oblongas, carinadas como as folhas do murecí, mas não lanuginosas. Também os frutos desta espécie são do tamanho de bolas de jogo, redondas; quando maduros, são verdes por fora e avermelhados por dentro; acham-se cheios de muitos grânulos como o figo, são secos, não têm sabor pronunciado; são comidos por alguns, mas não são muito apreciados.CURUPICAIBA (termo indígena), duvido, porém, acerca deste nome. Esta árvore possue uma casca fresca e cresce como a betula; tem folhas opostas, em número de cinco ou seis, num râmulo; são lustrosas, acuminadas, não dentadas, semelhantes, quanto à cor, às folhas da betula. Dá uma flor (o autor não a descreve). Depois da flor, nos ramos centrais brotam folículos a princípio verdes, depois rubicundas, do tamanho e figura das pistáceas; estas do mesmo modo que o tronco exalam um aroma como a icica. IBIRUBA (termo indígena). Árvore de casca, madeira e modo de nascer semelhante totalmente a guajaba; os ramos porém, são como os de nossa cerejeira. Produz folhas oblongas, medindo dois outros dedos de comprido, membranosas, verdes saturadas na frente, pálidas atrás, tendo um nervo, no sentido longitudinal, sem veias transversais; acham-se estas folhas opostas duas a duas, até na extremidade dos ramos; também se encontram dois frutos opostos, fixados a pedúnculos, junto às folhas opostas. Produz flores (o autor não as descreve). Dá frutos, em pedúnculos do comprimento de um dedo, de cor. amarela ou áurea, do tamanho de uma ameixa, mas redondas; antes possuem uns pedículos turbinados com um umbigo côncavo, rodeado por quatro folíolos verdes encarnados, do comprimento da terça parte de um dedo; na parte inferior, junto aos pedículos, se acham dois folíolos. Da flor, que se encontra entre estas e as demais folhas, procede o fruto coberto por uma cutícula tênue, com uma polpa amarela, suculenta, de sabor um tanto ácido com mescla de amargo, não desagradável; de odor um tanto suave e vinoso. Este fruto contém um caroço (às vezes dois chatos, unidos de um lado, no mais são redondos) do tamanho do caroço da cereja, redondo, coberto de uma casca fina, mas dura; dentro deste caroço, se acha um núcleo branco, amargo. É semelhante ao caroço da Ubapitanga, nem facilmente se distingue um do outro.MARATATALIBA (termo indígena). Árvore que se ergue com um caule reto não grosso,