em muitos estornes. Não faz também menção do fruto, que eu penso existir como nas demais). IAMACARU (termo indígena), também se diz CAXABU; Cardon (em português). Árvore grande. Primeiramente brota da terra uma folha octangular, cujos ângulos são curvilíneos, de igual espessura, como se fazem esculpidos; armados de pequenos espinhos estrelados; entre quaisquer duas estelulas sobressai uma linha transversal. Nesta folha, como acontece com a tuna. Nascem várias outras da mesma figura; cada um mede um, dois, três e às vezes seis pés de comprido e se curvam para cima, tendo a grossura de um braço humano e às vezes mais. Com o decorrer do tempo a folha inferior adquire uma casca griséia e se transforma num caule lenhoso e grosso; todavia é esponjoso e facilmente fendível; as folhas próximas do caule suprem os ramos; as outras fazem seu próprio ofício. O caule velho e aquelas folhas ramosas depois perdem os espinhos, mas permanecem as folhas. Aparece neste caule uma flor isolada, branca com uma figura semelhante à descrita no quarto lugar; vem em seguida o fruto tendo duplo tamanho do ovo de pato; de figura oval, de cor vermelha escura por fora,o qual se come. A árvore adquire por vezes o tamanho do mamoeiro e do janipaba. Cardon (outra espécie). É semelhante à precedente no tamanho do caule, flor e fruto, excetuando-se serem as folhas triangulares, como na que descrevo, em quarto lugar. Outra espécie de Cardon tem ramos redondos e nodosos, como uma vara nodosa; junto aos nós, acham-se espinhos, como nas demais espécies, com as quais convém no mais. Quarta espécie Iamacaru, figueira espinhosa. De raízes delgadas, não muito profundas, na terra, procedem folhas triangulares ou quadrangulares de um, dois, três ou quatro pés comprido, junto das quais nascem aqui e ali umas outras, como na figueira indica. Cada qual mede dois, três ou quatro dedos de largo, tendo o duplo da espessura da Iamacaru , que nasce unida aos arbustos e árvores sendo mais longas. Nas extremidades angulares destas folhas, se encontram espinhos de um, dois ou três dedos de comprido, justapostos, em número de seis, sete ou oito, de tamanho desigual, de cor amarelada ou lígnea; essas folhas são verdes como as que descrevemos, entre as ervas; a flor também é semelhante, porém duplamente maior. O fruto mede de comprido cerca de três dedos, a circunferência mede quatro; a figura é oblonga; possue uma casca grossa (do tamanho da do paço), suculenta, vermelha viva. Apertando-se facilmente se abre ao comprido e se deixa sair; dentro se acha uma polpa branca, suculenta, friável, composta como que de muitos glóbulos, como a neve solidificada no gelo. Esta polpa se acha entremeiada de muitas sementes pretas, lustrosas, semelhantes às sementes da Aquilegia, porém menores. Come-se a polpa com as sementes; é de bom sabor, doce, superior ao figo vulgar. O suco extraído da casca vermelha é de sabor ácido adstringente como o suco das groselhas (Ribes) verdes. As folhas desta planta são suculentas e dão um suco de sabor herboso ou semelhante
História natural do Brasil.
Escrito por Marcgrave, Jorge e publicado por Museu paulista. Imprensa Oficial do Estado